O que magoa mais!? O desprezo ou a Saudade? | Page 2 | A Nossa Vida
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Retrato de AL
Ter, 15/05/2012 - 14:11
AL:
Membro desde: 12.02.2011
pure.daisy wrote:

Queridas leitoras(os) do fórum!

Queria muito ouvir as vossas opiniões colocando-vos esta questão!

O que magoa mais!? O desprezo ou a Saudade?

Como vocês lidam com estes sentimentos?

E quando vocês sabem, do fundo do coração, que estão de bem com a vossa consciência, como continuar, mesmo assim, a lidar com o desprezo?

Acham que o desprezo é a melhor atitude de lidar com as pessoas?

E a saudade de pessoas. Sejam pelo que for. Que não fazem parte do nosso presente seja porque motivo for!

Ou ambos magoam com a mesma intensidade?

Apenas queria reflectir e nada como ouvir opiniões...

Sinceramente acho que a saudades magoa mais. O desprezo dói, sim! E muito! Mas se pensares bem o desprezo só vem de pessoas que não te merecem e pelas quais não deves sofrer.
A saudade não tem explicação. Se for temporária a gente ainda aguenta mas se for eterna...

Foste a melhor coisa que me aconteceu na vida. Amo-te para sempre! :x

Madrinha: MeVi
Afilhada: Mari Fernandes

Retrato de rosa_choke
Ter, 15/05/2012 - 14:37
rosa_choke:
Membro desde: 21.02.2011

Para mim o que magoa mais é a saudade,com o desprezo posso eu bem...

Retrato de FiPipoca
Ter, 15/05/2012 - 14:46
FiPipoca:
Membro desde: 03.03.2010

pure.daisy

pure.daisy escreveu:

Queridas leitoras(os) do fórum!

Queria muito ouvir as vossas opiniões colocando-vos esta questão!

O que magoa mais!? O desprezo ou a Saudade?

Como vocês lidam com estes sentimentos?

E quando vocês sabem, do fundo do coração, que estão de bem com a vossa consciência, como continuar, mesmo assim, a lidar com o desprezo?

Acham que o desprezo é a melhor atitude de lidar com as pessoas?

E a saudade de pessoas. Sejam pelo que for. Que não fazem parte do nosso presente seja porque motivo for!

Ou ambos magoam com a mesma intensidade?

Apenas queria reflectir e nada como ouvir opiniões...

Sinceramente acho que a saudades magoa mais. O desprezo dói, sim! E muito! Mas se pensares bem o desprezo só vem de pessoas que não te merecem e pelas quais não deves sofrer.
A saudade não tem explicação. Se for temporária a gente ainda aguenta mas se for eterna...

faço minhas as palavras da AL!!

Fi
"Vive cada ssegundo como se fosse o ultimo..."

Madrinha orgulhosa das minhas meninas Sparkly e C.A.S.C.S.
Afilhada odediente de kikinha_kutxi

Retrato de FiPipoca
Ter, 15/05/2012 - 14:49
FiPipoca:
Membro desde: 03.03.2010

O desprezo doi, mas a saudade roi te por dentro.
é cruel.. principalmente se for eterna....
a fias que se ultrapassa, outros nem tanto, doi tanto que parece que te vao arrancar o coração...

o desprezo, mexe contigo, inquieta, e até mesmmo doi... mas normalmente é por quem não merece a minima preocupação da tua parte...

para mim a saudade sem duvida

beijinho

Fi
"Vive cada ssegundo como se fosse o ultimo..."

Madrinha orgulhosa das minhas meninas Sparkly e C.A.S.C.S.
Afilhada odediente de kikinha_kutxi

Retrato de SRFGA
Ter, 15/05/2012 - 18:44
SRFGA:
Membro desde: 23.03.2012

Geralmente não dou muito temppo de antena a pessoas que eu sinta que me desprezem, seja pelo que for... A saudade dói, não desaparece...há dias em que é atenuada por muitos motivos, mas quando bate é com força, vai-nos corroendo com toques de malvadez...Ainda hoje, quase 20 anos depois de perder o meu pai, tenho saudades dele, gosto de falar nele, de o relembrar, de imaginar como estaria, como seria a minha vida se ele tivesse estado comigo...gostava que ele tivesse conhecido os netos, que me tivesse visto a casar, a acabar a licenciatura, a tirar a carta...sei lá... No fundo, só o queria ter comigo,ainda agora que já sou adulta, sinto tantas vezes a falta do meu pai.

Retrato de Eu ele e o pinheirito
Ter, 15/05/2012 - 21:39
Eu ele e o pinheirito:
Membro desde: 04.03.2009
AL wrote:

O desprezo dói, sim! E muito! Mas se pensares bem o desprezo só vem de pessoas que não te merecem e pelas quais não deves sofrer.

Não concordo com isto. Este é apenas o ponto de vista de quem se acha uma vítima do desprezo alheio. Há pessoas que são desprezadas e com razão por parte de quem o faz.

Com o que custa mais lidar? Desprezo ou saudade? Não há resposta objectiva para isso, até porque podemos sentir os dois ao mesmo tempo: saudades de uma pessoa que nos despreza.

Don't be sad because of people. They will all die.

Retrato de Loira
Ter, 15/05/2012 - 22:01
Loira:
Membro desde: 31.01.2008
Eu ele e o pinheirito wrote:
AL wrote:

O desprezo dói, sim! E muito! Mas se pensares bem o desprezo só vem de pessoas que não te merecem e pelas quais não deves sofrer.

Não concordo com isto. Este é apenas o ponto de vista de quem se acha uma vítima do desprezo alheio. Há pessoas que são desprezadas e com razão por parte de quem o faz.

Com o que custa mais lidar? Desprezo ou saudade? Não há resposta objectiva para isso, até porque podemos sentir os dois ao mesmo tempo: saudades de uma pessoa que nos despreza.

Concordo plenamente com esta afirmação, do principio ao fim.
Eu já senti saudades e já fui desprezada e sinceramente não sei qual doi mais. Ambas são extremamente dolorosas. A minha avó sempre me dizia que os três sentimentos que mais doem são "a culpa, o arrependimento e a saudade".

Outrora, nos tempos de miúda, fui completamente desprezada por um ex-namorado e só Deus sabe o quanto me doeu. Não há explicação possivel para aquela dor, ao ponto de passados 10 anos, aquela dor estúpida ainda me assustar, não por sentir qq tipo de sentimento por essa pessoa (nada mesmo!), mas só de pensar em voltar a sentir essa mesmo dor.

O pior disso, foi a junção das saudades que sentia. Eu tinha saudades de uma pessoa que me desprezava. Tinha saudades da relação q tinhamos, saudades do que tinhamos vivido, saudades dele.

E agora?
Qual o mais forte?
Sinceramente? Não sei responder.

Gosto de ti|@

Retrato de Eu ele e o pinheirito
Ter, 15/05/2012 - 22:14
Eu ele e o pinheirito:
Membro desde: 04.03.2009
Loira wrote:

Concordo plenamente com esta afirmação, do principio ao fim.
Eu já senti saudades e já fui desprezada e sinceramente não sei qual doi mais. Ambas são extremamente dolorosas. A minha avó sempre me dizia que os três sentimentos que mais doem são "a culpa, o arrependimento e a saudade".

Outrora, nos tempos de miúda, fui completamente desprezada por um ex-namorado e só Deus sabe o quanto me doeu. Não há explicação possivel para aquela dor, ao ponto de passados 10 anos, aquela dor estúpida ainda me assustar, não por sentir qq tipo de sentimento por essa pessoa (nada mesmo!), mas só de pensar em voltar a sentir essa mesmo dor.

O pior disso, foi a junção das saudades que sentia. Eu tinha saudades de uma pessoa que me desprezava. Tinha saudades da relação q tinhamos, saudades do que tinhamos vivido, saudades dele.

E agora?
Qual o mais forte?
Sinceramente? Não sei responder.

E a tua avó sabe o que diz. Faz todo o sentido. A culpa e o arrependimento existem quando fizemos/dissemos algo que não podemos desfazer/desdizer e temos que lidar com as consequências negativas dos nosssos actos ou palavras. A saudade aparece quando sentimos a ausência de algo ou alguém, se bem que este sentimento mais depressa poderá desaparecer ou ir sendo atenuado do que os outros dois.

Been there, done that. Também já senti na pele a dupla situação de sentir saudades de quem me despreza. É um estado muito, muito ambíguo. Por um lado, sentes vontade de partir a cabeça de quem te ignora, mas, por outro lado, sentes saudade do que de bom partilhaste com ela. É não saber muito bem para onde nos virarmos, não saber o que sentir, o que é suposto sentir. Guardar as boas recordações e seguir em frente. Sim, é uma hipótese. Mas como se a pessoa a quem te deste (e falo tanto em termos amorosos como de amizade) parece ter-se esquecido de tudo o que vos unia e te trata como se em nada a tivesses feito feliz?

Sigh

Don't be sad because of people. They will all die.

Retrato de Eu ele e o pinheirito
Ter, 15/05/2012 - 23:24
Eu ele e o pinheirito:
Membro desde: 04.03.2009

Wink

http://www.youtube.com/watch?v=bmkYKsctbaQ

"De hoje em diante
Eu vou modificar o meu modo de vida
Naquele instante em que você partiu
Destruiu nosso amor
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar
De esperar enfim
E pra começar eu só vou gostar
De quem gosta de mim
Não quero com isso dizer que o amor
Não é bom sentimento
A vida é tão bela
Quando a gente ama e tem um amor
Por isso é que eu vou mudar
Não quero ficar chorando até o fim
E pra não chorar
Eu só vou gostar de quem gosta de mim
Não vai ser fácil eu bem sei
Eu já procurei
Não encontrei meu bem
A vida é assim
Eu falo por mim
Pois eu vivo sem ninguém"

E quem diz "amor" diz "amizade".

Don't be sad because of people. They will all die.

Retrato de MeVi
Qua, 16/05/2012 - 16:02
MeVi:
Membro desde: 18.02.2010
Eu ele e o pinheirito wrote:

Com o que custa mais lidar? Desprezo ou saudade? Não há resposta objectiva para isso, até porque podemos sentir os dois ao mesmo tempo: saudades de uma pessoa que nos despreza.

Concordo!

Retrato de liliana_gaio
Qui, 17/05/2012 - 03:36
liliana_gaio:
Membro desde: 25.03.2011

Eu acho que o desprezo fere, magoa. Deixa-nos cheios de cuidados e de alertas.

Mas a saudade vai vivendo connosco. Cola-se a nós. E aprendemos a viver com ela.

Tenho uma saudade muito boa das pessoas que já partiram, mas que recordo de sorriso nos lábios e quanto mto um brilho nos olhos, não lágrimas.

Quando sentimos saudades de namorados, relações, episódios nessas relações, estamos a isolar as outras coisas todas. Estamos a esquecer o que de mau essas pessoas e relações tinham e preferimos só recordar o que é bom. Não é pleno, porque isola partes. "Ai era tão bom, quando iamos de mão dada ao fim da tarde naquela rua da pastelaria e acabavamos sempre por comer 1 croissant!" Mas esquecemos que geralmente esse passeio dava aso a uma discussão que durava 1 semana!!!!
É também um mecanismo de defesa.
Na saudade a dor vai deixando de doer.
No desprezo, isso acontece de 1 dia para o outro!

Ha 1 texto lindo... acho que do MEC... que fala da saudade. Vou tentar encontrar.

Liliana

Retrato de liliana_gaio
Qui, 17/05/2012 - 03:46
liliana_gaio:
Membro desde: 25.03.2011

E aqui está...

"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa, como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já não está lá?

As pessoas têm de morrer, os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?

Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tente esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas!
É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou de coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso primeiro aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados, se tivessem apenas o peso que têm em si: isto é, se os livrássemos da carga que lhe damos, aceitando que não tem solução. Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença do que se padeceu. Muitas vezes só existe a agulha.

Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembrança, na esperança de ele se cansar.

Porque é que é sempre nos momentos em que estamos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais a falta das pessoas de quem amamos? O cansaço faz-nos precisar delas. Quando estamos assim, mais ninguém consegue tomar conta de nós. O cansaço é uma coisa que só o amor compreende. A minha mãe. O meu amor. E a felicidade faz-nos sentir pena e culpa de não a podermos partilhar. É por estarmos de uma forma ou de outra sozinhos que a saudade é maior.

Mas o mais difícil de aceitar é que há lembranças e amores que necessitam do afastamento para poderem continuar. Afonso Lopes Vieira dizia que Portugal estava mal, que era preciso exilar-se para poder continuar a amar a Pátria dele. Deixar de vê-la para ter vontade de a ver. Ás vezes a presença do objecto amado provoca a interrupção do amor. E a complicação, o curto-circuito, o entaralamento, a contradição que está ali presente, ali, na cara do coração, impedindo-o de continuar.

As pessoas nunca deveriam morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam e separam-se e esquecem-se. Custa aceitar que os mais velhos, que nos deram vida, tenham de dar a vida para poderem continuar vivos dentro de nós. Mas é preciso aceitar. É preciso aceitar. É preciso sofrer, dar urros, murros na mesa, não perceber. E aceitar. Se as pessoas amadas fossem imortais perderíamos o coração. Perderíamos a religiosidade, a paciência, a humanidade até.

Há uma presença interior, uma continuação em nós de quem desapareceu, que se ressente do confronto com a presença exterior. É por isso que nunca se deve voltar a um sítio onde se tenha sido feliz. Todas as cidades se tornam realmente feias, fisicamente piores, à medida que se enraízam e alindam na memória que guardamos delas no coração. Regressar é fazer mal ao que se guardou.

Uma saudade cuida-se. Nos casos mais tristes separa-se da pessoa que a causou. Continuar com ela, ou apenas vê-la pode desfazer e destruir a beleza do sentimento, as pessoas que se amam mas não se dão bem, só conseguem amar-se bem quando não se dão. Mas como esquecer? Como deixar acabar aquela dor? É preciso paciência. É preciso sofrer. É preciso aguentar.

Há grandeza no sofrimento. Sofrer é respeitar o tamanho que teve um amor. No meio do remoinho de erros que nos revolve as entranhas de raiva, do ressentimento, do rancor _ temos de encontrar a raiz daquela paixão, a razão original daquele amor.

As pessoas morrem, magoam-se, separam-se, fazem os maiores disparates com a maior das facilidades. Para esquecê-las é preciso chorá-las primeiro. Esta é uma verdade tão antiga que espanta reparar em como ainda temos esperanças de contorná-la. Nos uivos das mulheres nas praias da Nazaré não há “histeria” nem “ignorância” nem “fingimento”. Há a verdade que nós, os modernos, os tranquilizados, os cools, os cobardes, os armados em livres e independentes, os tanto-me-fazes, os anestesiados, temos medo de enfrentar.

Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas das Caraíbas, livros de poesia- só há lembrança, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar fôlego. Esta dor tem de ser aguentada e bem sofrida com paciência e fortaleza. Ir a correr para debaixo das saias de quem for é uma reacção natural, mas não serve de nada e faz pouco de nós próprios. A mágoa é um estado natural. Tem o seu tempo e o seu estilo. Tem até uma estranha beleza. Nós somos feitos para aguentar com ela.

Podemos arranjar as maneiras que quisermos de odiar quem amamos, de nos vingarmos delas, de nos pormos a milhas, de lhe pormos os cornos, de lhe compormos redondilhas, mas tudo isso não tem mal. Nem faz bem nenhum. Tudo isso conta como lembrança, tudo isso conta como uma saudade contrariada, enraivecida, embaraçada por Ter sido apanhada na via pública, como um bicho preto e feio, um parasita de coração, uma peste inexterminável barata esperneante: uma saudade de pernas para o ar.

O que é preciso é igualar a intensidade do amor a quem se ama e a quem se perdeu. Para esquecer é preciso dar algo em troca. Os grandes esquecimentos saem sempre caros. É preciso dar algo em troca. Os grandes esquecimentos saem sempre caros. É preciso dar tempo, dar dor, dar com a cabeça na parede, dar sangue, dar um pedacinho de carne (eu quero do lombo, mesmo por cima da tua anca de menina, se faz favor).

E mesmo assim, mesmo magoado, mesmo sofrendo, mesmo conseguindo guardar na alma o que os braços já não conseguem agarrar, mesmo esperando, mesmo aguentando como um homem, mesmo passando os dias vestida de preto, aos soluços, dobrada sobre a areia de Nazaré, mesmo com muita paciência e muita má vontade, mesmo assim é possível que não se consiga esquecer nem um bocadinho.

Quanto mais fácil amar e lembrar alguém – uma mãe, um filho, um grande amor – mais fácil deixar de ama-lo e esquece-lo.

Raio de sorte, ó lindeza, miséria suprema do amor. Pode esquecer-se quem nos vem à lembrança, aqueles de quem nos lembramos de vez em quando, com dor ou alegria, tanto faz, com tempo e paciência, aqueles que amamos com paciência, aqueles que amamos sinceramente, que partiram, que nos deixaram, vazios de mãos e cheios de saudades, esses doem-se e depois esquecem-se mais ou menos bem.

E quando alguém está sempre presente?
Quando é tarde. Quando já não se aguenta mais. Quando já é tarde para voltar atrás, percebe-se que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar.
Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar?
Aí está o sofrimento maior de todos. O luto verdadeiro.
Aí está a maior das felicidades."

Liliana

Retrato de Eu ele e o pinheirito
Qui, 17/05/2012 - 22:21
Eu ele e o pinheirito:
Membro desde: 04.03.2009

pure-daisy, obrigada pelo teu tópico. Obrigada de coração.

Ao responder-te, fizeste-me repensar as minhas relações de amizade. Eu já sabia, há muito tempo, que sentia saudades de uma ou outra pessoa que, pura e simplesmente, sem razões aparentes se haviam desligado de mim. Já sentia há muito esse desprezo a que fui votada na pele, mas ainda não tinha tido coragem de cortar os laços que tinha com elas. Talvez por covardia. Talvez por medo de um possível arrependimento. Nos últimos dias, mentalizei-me de que saudades e desprezo não podem (não devem!) andar de mãos dadas, muito menos se caem ambos sobre uma só pessoa. Mentalizei-me de tal maneira que cortei definitivamente as ligações que ainda tinha aos ditos cujos indivíduos e sabes que mais? Sinto-me bem, tirei literalmente um peso enorme das minhas costas (não da minha consciência porque essa sempre esteve bem leve) e que carregava há anos. Obrigada por, sem saberes ou imaginares, me teres aliviado o pensamento. Wink

Don't be sad because of people. They will all die.

Retrato de pure.daisy
Sex, 18/05/2012 - 14:07
pure.daisy:
Membro desde: 21.04.2012

Meninas, muito obrigada pelas vossas respostas!!!!

Eu ele e o pinh..., fico muito feliz que te tenha ajudado. Na verdade crei este tópico também para me ajudar a mim. Falas de pessoas que te desprezaram durante anos sem motivo aparente. Mas elas falam para ti mas apenas não te dão atenção ou gozam contigo? E não te desligaste delas? Como assim? Continuavas a falar com elas e agora deixas-te de falar?

Se assim foi, fizeste um grande passo pois se calhar "Pior que o silencio e o desprezo é a indiferença."

Infelizmente também eu passei por uma situação semelhante. Pessoas que desprezam sem motivo aparente. Que viram as costas... enfim. E também eu precisava de respostas para entender e perceber-me a mim mesma.

Ao ler os teus comentários revi-me em mim...

A culpa, o arrependimento, a saudade têm respostas.

Mas o desprezo nem sempre tem uma resposta. Muitas vezes, ou talvez na maioria das vezes, não sabemos o motivo.

Será que o DESPREZO é, mais ou menos como o ÓDIO?

Penso que a pessoa que despreza quer realmente ferir. Penso que se a pessoa que despreza não tiver mesmo um motivo válido está a ser muito cruel.

Li esta frase:

"Toda pessoa que despreza alguém, ela tem um sentimento gerado de uma forma maléfica, pois não se importa que a pessoa desconheça seu sentimento, ao contrário, faz questão que a pessoa tenha conhecimento. Sem contar que o desprezo é sempre mais nocivo para quem o recebe."

"Existem coisas reservadas pra gente que foge do nosso entendimento, mas que lá na frente vai fazer todo o sentido. Por isso nunca perca a fé." Reynaldo Gianecchini

Retrato de pure.daisy
Sex, 18/05/2012 - 14:12
pure.daisy:
Membro desde: 21.04.2012
FiPipoca wrote:

O desprezo doi, mas a saudade roi te por dentro.
é cruel.. principalmente se for eterna....
a fias que se ultrapassa, outros nem tanto, doi tanto que parece que te vao arrancar o coração...

o desprezo, mexe contigo, inquieta, e até mesmmo doi... mas normalmente é por quem não merece a minima preocupação da tua parte...

para mim a saudade sem duvida

beijinho

FiPipoca, achas mesmo que por norma o desprezo vem de pessoas que não merecem? Elas têm a sua razão?!

Penso que mostrar desprezo é das piores formas de magoar alguém...

Quando existe um problema e ele é dito na cara da pessoas, as pessoas discutem, chateam-se mas cada uma fica na sua e percebe-se a causa. E o problema é resolvido.

UMA QUESTÃO:
Acham que o desprezo também pode ser uma falta de respeito?

"Existem coisas reservadas pra gente que foge do nosso entendimento, mas que lá na frente vai fazer todo o sentido. Por isso nunca perca a fé." Reynaldo Gianecchini

Retrato de pure.daisy
Sex, 18/05/2012 - 14:14
pure.daisy:
Membro desde: 21.04.2012
El_Lobo wrote:

Sobre o desprezo, eu acho que ninguém gosta de ser desprezado e mesmo quem diz que não liga sente sempre um fervor e um turbinar por dentro, mas há maneiras diferentes de reagir, e a própria imagem de indiferença que se possa transmitir é apenas uma aparência e a pessoa sente sempre que foi desprezada e não se conforma com isso.

Concordo com as tuas palavras. É muito difícil não nos sentirmos 100% indiferentes a atitudes de desprezo. Por mais que tentemos mostrar o contrário...

"Existem coisas reservadas pra gente que foge do nosso entendimento, mas que lá na frente vai fazer todo o sentido. Por isso nunca perca a fé." Reynaldo Gianecchini

Retrato de Sílvia Andreia Ferreira
Ter, 22/05/2012 - 23:48
Sílvia Andreia Ferreira:
Membro desde: 23.02.2012

A saudade dói muito, principalmente quando é eterna!!
O desprezo só vem de quem não nos merece, de quem não gosta de nós ... até eu na minha vida, vou desprezando alguém ...

Retrato de Eu ele e o pinheirito
Ter, 22/05/2012 - 23:58
Eu ele e o pinheirito:
Membro desde: 04.03.2009
pure.daisy wrote:

Eu ele e o pinh..., fico muito feliz que te tenha ajudado. Na verdade crei este tópico também para me ajudar a mim. Falas de pessoas que te desprezaram durante anos sem motivo aparente. Mas elas falam para ti mas apenas não te dão atenção ou gozam contigo? E não te desligaste delas? Como assim? Continuavas a falar com elas e agora deixas-te de falar?

Assim que o nosso curso acabou, os amigos "para a vida" que eu pensava ter literalmente sumiram do mapa e deixaram de responder a toques, mensagens, telefonemas, fosse o que fosse. Sem uma só explicação. Das pouquíssimas vezes que respondiam, por insistência minha para que pelo menos me dissessem o porquê deste afastamento, ainda me respondiam torto e friamente.

pure.daisy wrote:

Mas o desprezo nem sempre tem uma resposta. Muitas vezes, ou talvez na maioria das vezes, não sabemos o motivo.

Será que o DESPREZO é, mais ou menos como o ÓDIO?

Penso que a pessoa que despreza quer realmente ferir. Penso que se a pessoa que despreza não tiver mesmo um motivo válido está a ser muito cruel.

Eu penso que o desprezo é mais parecido com a indiferença. É o seguir a vida sem querer saber do outro, se está bem ou mal. Simplesmente, não lhe dar importância, não se lembrar que existe, não se comover ou emocionar com o que vai sabendo sobre essa pessoa. Não tem uma componente activa. Não te leva a agir no sentido de magoar terceiros. Já o ódio leva-te, frequentemente, a agir com essa intenção. Tem um sentido muito mais marcadamente negativo.

Don't be sad because of people. They will all die.