Já alguém ouviu falar? OU teve alguma experiência?
Acabei de vivenciar uma relação com uma pessoa em que identifico muitos características deste transtorno. Era uma relação toxica. Compreender como funciona a mente deles tem-me ajudado muito.
Gostava de partilhar experiências e opiniões.
Obrigada.
Olá cssp!
Antes de mais, a experiência pessoal que trago sugere apenas alguns sinais que fui sentindo, avaliando ... algumas leituras que fiz e acompanhamento que tive! Nunca sabemos ao certo se poderemos dizer que estamos perante alguém com TPN, uma vez que isso só se a própria pessoa procurar ajuda e entendimento ... mas, de qualquer dos modos, independentemente disso é sempre importante perceber quais são as bandeiras vermelhas de um relacionamento tóxico/abusivo.
Situações pelas quais passei/vivenciei nesse relacionamento:
- Constantes idas e vindas da pessoa. Posso afirmar que num momento estava tudo bem e no dia seguinte a pessoa "desaparecia";
- Nesses momentos normalmente colocava em mim a culpa de tudo, ainda que eu nem sequer percebesse o que se estava a passar. Um exemplo: eu poderia queixar-me que não me estava a sentir valorizada. A pessoa, ao invés de conversar ou de tentar perceber a situação, basicamente lidava muito mal com esse tipo de "confronto", ia buscar assuntos de anos atrás e deixava-me a falar sozinha;
- Fazia o chamado "tratamento silencioso". Podia estar dias, semanas sem me falar. Sem terminar efetivamente. Sem explicar. Agia como se eu não fosse nada;
- Normalmente existiam outras pessoas. Fui percebendo isso ao longo do tempo. Ou seja, quando ele se afastava normalmente era para conhecer, falar, divertir-se com outras pessoas do sexo feminino. As redes sociais, infelizmente, dão muitos sinais e comecei a entender que se conectava com certas pessoas quando não estava bem comigo. Quando queria estar bem comigo voltava a desconectar-se. Para depois as procurar novamente. Era como se tivesse imensas vidas que eu desconhecia. Eu era a "oficial", mas depois havia todo um mundo paralelo;
- Não mostrava empatia nos momentos de ruptura, nem da minha "aflição" quando de, um momento para o outro, desaparecia. Contudo, afirmava-se como alguém muito empático;
- Sempre tentei afastar-me e, muitas vezes, após palavras duras e silêncios, ele voltava sempre (atenção, no caso de TPN) há uma grande tendência de voltarem à "vítima" principal), e ele nunca deixava eu seguir a minha vida completamente. Era incoerente no discurso, intempestivo, rapidamente eu passava de "bestial a besta".
- Os términos eram extremamente dolorosos. Eu ficava com a auto-estima e confiança destruídas. Com um sentimento de culpa brutal. Muitas vezes confusa, pois normalmente quando eu argumentava o que sentia sobre ele, ele fazia-me sentir como se o pior começasse sempre em mim ... e isso justificasse os comportamentos dele;
- Eu tinha sempre a sensação de ser forçado. Sobretudo nos últimos tempos, tudo o que ele me dizia parecia "ensaiado". Eu saía da beira dele pesada, cansada, abatida, era muito estranho. Uma confusão mental indescrítivel;
- No entanto, ele fazia-me sentir uma princesa, a melhor, "a pessoa da vida dele". Até que em cada click de viragem, ele era capaz de me tratar como se fosse descartável.
Claro que com o tempo fui lendo, fui aconselhada, fui acompanhada. É duro e nem sempre é fácil o desprendimento, ainda hoje sofro com isso. Voltei muitas vezes atrás, aceitei estar em condições ridículas e nem sei bem explicar porquê. É um envolvimento muito forte e nem sempre conseguimos espelhar o que sentimos e passamos, porque é um bocado silencioso. Não há marcas físicas. A não ser as olheiras, o mau ar, a perda de forças. Mas há muita coisa que ajuda e a vida também se encarrega de nos libertar do pior. É preciso força! Desejo-te o melhor.
Membro desde: 01.04.2009