Olá a todos
Gostaria de desabafar e ouvir algumas opiniões. Encontro-me numa situação peculiar que nunca imaginaria para mim.
Tenho 36 anos, casado há 6 anos, numa relação que dura há 16 anos. Tenho 2 filhas, de 1 e 4 anos.
Há pouco mais de um ano, umas semanas antes de a nossa segunda filha nascer, descobri algumas coisas sobre a minha mulher que vieram criar um turbilhão na minha vida.
Vamos por partes. Começámos a namorar durante a faculdade. Fomos viver juntos em 2011. Nessa altura a divisão das despesas não foi feita de forma equitativa, por nenhum motivo em especial. Eu pagava a renda, ela a luz/água/gás. Por vezes chegava uma carta de falta de pagamento das contas, que eu acabava por pagar, pensando que realmente se trataria apenas de um esquecimento. No contexto do trabalho dela, que envolvia animais, dava-lhe por vezes boleia para ir visitar quintas.
Durante tempo ocorreu um episódio em que me apercebi de movimentos estranhos no meu cartão de débito enquanto estava a trabalhar de noite. Como não poderia ter sido eu a fazer os movimentos fui à polícia. Foi-me dito claramente que a minha namorada seria uma forte suspeita, pelo que a confrontei com isso. Garantiu-me que não tinha sido ela, por isso resolvi avançar para a PJ. Marcaram uma reunião onde ela deveria também comparecer, mas ela faltou, sem avisar. Perante as evidências de quem teria sido, a inspetora da PJ aconselhou-me de forma indireta a deixar de brincar com o tempo deles, que isso também poderia ter consequências para mim. Na altura fiquei na relação, por motivos que agora reconheço como pouco válidos - achava que dificilmente encontraria alguém e resolvi apostar na continuidade. Ela nunca admitiu os movimentos diretamente, só muitos anos mais tarde, quando volto ao assunto, diz-me que estou "sempre a falar das mesmas coisas".
Casámos em 2015. Poucos meses depois, no contexto de uma dessas boleias para visitar quintas onde iria visitar animais, resolvi fazer-lhe uma surpresa e aparecer para a buscar a um local e irmos almoçar a seguir. Ela não estava e eu comecei a achar que algo estaria mal. Tinha um estágio de 3 meses em Inglaterra no final do ano e talvez por isso, atendendo à ausência relativamente longa e apercebendo-se da minha inquietação, ela resolveu contar-me que afinal já não trabalhava como na profissão que tinha estudado mas que tinha resolvido mudar de carreira e trabalhar como agente imobiliária. Recordo-me de me ter dito que ter terminado o curso tinha sido bom em termos curriculares para conseguir o lugar. Entendi que se realmente não era feliz no seu trabalho, tinha feito bem em mudar, mas fiquei magoado com o facto de só me contar nessa altura, já depois de casarmos. Entretanto tivemos 2 meninas, que se tornaram o centro da minha vida. Também por isso, assumi 2 trabalhos em part-time, para conseguir cobrir algumas despesas. Apesar das minhas insistências, nunca fizemos uma conta conjunta. Continuei a pagar renda e entretanto também luz/gás/água/internet. Ela contribuía com as compras (despesas do supermercado, roupa das miúdas, por aí fora), mas apesar de várias insistências da minha parte, nada de conta conjunta ou esforços no sentido de pôr algum dinheiro de lado para poupanças.
Começámos a procurar casa. As sugestões dela incluíam geralmente casas com necessidade de investimento em obras. Para a entrada no pedido de empréstimo ao banco, garantiu-me que tinha um montante poupado de lado e que poderia contribuir com esse mesmo montante. Ainda nesse período, perguntou-me se poderíamos figurar como fiadores para um empréstimo que a irmã iria contrair, no contexto da aquisição de um estabelecimento comercial. Fiquei de pé atrás, nomeadamente porque a altura em que iria pedir um crédito imobiliário não me parecer a ideal para estar a servir de fiador para ninguém. Além disso, poderia ter-nos sido proposta alguma parceria nesse negócio mas não, apenas foi pedido que servíssemos de fiadores. Recusei.
Houve durante estes anos todos períodos de maior afastamento na relação. Períodos de mais de 3 meses sem intimidade não eram uma raridade, havia pouco entusiasmo pelos meus hobbies ou interesses, por vezes inclusivamente com esforços para me afastar de alguns deles. Entendi isso sempre como uma dinâmica normal da vida de casal, em que nem sempre tudo corre às mil maravilhas depois da fase de "lua de mel".
Entretanto há pouco mais de um ano, caiu uma bomba. Descobri que:
- nunca terminou o curso universitário
- em média ganhou o suficiente para que uma poupança de apenas 10-15% do ordenado dela tivesse constituído uma boa almofada financeira, mas
- não fez poupanças (portanto, a tal contribuição para a entrada no crédito imobiliário era falsa)
- tinha dívidas às finanças e segurança social
Encarei a coisa de forma pragmática para o imediato. Paguei eu as dívidas e depois meti a cabeça na areia. Até que há alguns meses deixei de conseguir viver com isto. Emocionalmente, afastei-me. Não é o facto de não ter acabado o curso que me incomoda. É a mentira durante todos estes anos, o estar disposta a prejudicar-me financeiramente. Sinto que a minha identidade foi de alguma maneira roubada. Ando a fazer psicoterapia. Mas sobretudo, tenho medo de perder as minhas filhas. Estou onde não quero estar, não vejo um futuro à minha frente.
Obrigado a quem teve a paciência para ler até ao fim
Olá Miguel, lamento a situação.
Sou muito crítica quanto a esse tipo de gentinha egoísta, tóxica e manipuladora, eu teria muito cuidado com essa mentirosa, parasita, oportunista. A minha opinião é que deveria pedir pelo menos a guarda partilhada, não vá ter que sustentar essa exploradora. Não tenha vergonha de assumir que foi usado, ingénuo, porque se prolongar o problema daqui a nada estão todos a favor dela e não acreditam em si. Reúna o máximo de provas possível.
Esteja atento, normalmente, essa gente tem o dom da palavra e são encantadores.
Obrigado, efetivamente corro o risco de me descredibilizar ao prolongar a situação, não me tinha ocorrido isso.
Faz bem fazer psicoterapia, ajuda a manter a clareza, vai recuperar a sua identidade, mesmo que leve o seu tempo.
Peça ajuda para resolver legalmente a situação relativamente às suas filhas.
Resista calmamente às investidas enganadoras, porque haverá algumas. Proteja-se e salvaguarde as suas filhotas. Coragem e força.
De facto dá ideia que desconhecia por completo a pessoa com quem está casado e que realmente é assustador.
Tenha uma conversa franca com ela e se achar que o que sente permite continuar a relação tentem fazer reset à relação, senão sobra a separação.
Obrigado pelas vossas contribuições. Realmente fazer reset neste momento parece-me sempre algo forçado, sobretudo por ter sido eu a ter de descobrir tudo e depois de tantas oportunidades. É desesperante chegar a esta fase e deparar-me com uma realidade que não me coube a mim ter alterado.
Olá Miguel,
Basicamente viveu com uma desconhecida.
Quem mente assim há-de continuar a mentir. Não sei o motivo para tal, mas não se justifica.
Muito sinceramente acho que a sua mulher precisa de algum tipo de tratamento, porque esse tipo de mentiras ao longo da vida não são normais. Uma coisa é uma mentirinha "de nada", como por exemplo "demoro 5 minutos a chegar" quando sabe perfeitamente que vai demorar 15. Outra coisa são mentiras que viram do avesso a vida das pessoas.
Ela disse-lhe o motivo das dívidas? não pagou para comprar as coisas para a casa, como por exemplo alimentação e pagar contas? ou não pagou porque comprou coisas supérfluas? são coisas diferentes... as vezes o dinheiro não chega para pagar tudo e outras ficam para trás. No entanto quando ela sabia que as dívidas íam aparecer a primeira coisa que deveria ter feito era ter falado consigo. Dividas as finanças e a seg. social como infelizmente deve saber, são uma bola de neve. Paga uma coima por não ter pago a tempo e depois paga outra coima sobre o valor da dívida... Muito honestamente não sei se conseguiria viver com essa pessoa. Seria complicadíssimo ter a confiança necessária para partilhar a minha vida com ela.
Não é normal estar mais de 3 meses sem ter vida íntima (a exceção para mim seria por motivos de saúde). Quem ama quer intimidade... quando não há, alguma coisa se passa.
Não é normal querer afasta-lo dos seus hobbies, no entanto é mais complicado mante-los quando se tem filhos. O meu marido tinha um hobbie que infelizmente teve que deixar de ter, simplesmente porque não havia tempo. Se não tem problema de tempo, então continuo a dizer que não é normal.
No meio disto tudo teve sorte em duas situações:
1º porque nunca abriu conta com ela - Recebia o seu ordenado e com azar ao fim de 1 semana já não o tinha lá;
2º porque não foi fiador da irmã. O fiador só tem uma obrigação: pagar a dívida. Pode estar a pagar uma vida inteira uma dívida que não é sua. Mesmo que queira deixar de ser fiador não consegue.
Não vejo uma solução muito risonha para a sua situação. A confiança foi perdida e ficou com a vida virada do avesso. Provavelmente a separação é a melhor solução. Mas só o Miguel saberá.
Caso opte pela separação faça tudo com a cabeça fria, porque se ela mente dessa maneira, nada a impede de mentir sobre si. No entanto em tribunal o que conta é a verdade da prova, portanto se a coisa der para o torto previna-se.
Hoje em dia é privilegiada a guarda partilhada, ou seja 1 semana em casa da mãe e outra semana na casa do pai. A não ser que o pai ou a mãe tenham graves problemas (alcool, drogas).
Não pense que ao separar-se está a prejudicar os seus filhos. Se o Miguel não é feliz, também não consegue ser bom pai...
Continue com a psicoterapia para manter a sanidade mental.
Tudo de bom!
Bom dia,
A meu ver não há pessoas perfeitas nem a pessoa certa existe. Existe é um número maior ou menor de pessoas que são compatíveis connosco, por quem estamos dispostos a aceitar também o pack de defeitos e as quais estão dispostas a achar que também não o somos (perfeitos) mas com bastantes arestas para limar.
Todos nós decepcionamos os outros com atitudes e todos nos decepcionam em maior ou menor medida e isso aplica-se a toda a esfera de relações pessoais, sejam profissionais, amorosas, de amizade e todos mentimos para nos proteger ou evitar chatices, mas há uma diferença entre uma mentira branca e ser-se trapaceiro, desonesto, burlão, mentiroso compulsivo, etc.
No seu caso, não me parece que tenha sido apenas um episódio, parecendo-me que partilha a sua vida com uma pessoa desonesta, manipuladora, egoísta mentirosa e trapaceira, fazendo isto parte do pacote de defeitos dela. Está disposto a aceitar isso da sua parceira para dar às suas filhas um lar com um pai e mãe mas no qual você vive infeliz, em sobressalto e a sentir-se constantemente enganado?
Para lhe ser sincero, se fosse eu não aceitava. Tenho uma "red line" de coisas que não aceito em alguém. Posso aceitar uma mulher arrogante, gabarolas, com mau feitio, chata e ciumenta, mas não aceito uma que seja egoísta, mentirosa e que não se importe de arrastar os outros para a sua espiral de problemas e para o fundo do poço, precisamente por isso mexer bastante com a tábua sobre a qual preguei os meus valores.
Obrigado pelos vossos comentários. Efetivamente abordam pontos muito importantes e coisas em que não pensaria no imediato. Dá-me alento saber de alguma forma que ficar na relação e fingir que tudo está bem poderá não ser o melhor para as minhas filhas.
Grim_Reaper, em parte dou a mão à palmatória. Infelizmente houve alturas em que achei que deveria apostar na relação, mesmo não havendo intimidade. É curioso, porque essa reflexão faz-me pensar que andei de palas durante imenso tempo, perante red-flags intermináveis.
Não sei se estou a ser petulante, mas vou dizê-lo à mesma, mulheres decentes procuram toda a vida por um Homem como o Miguel, compreensivo, fofinho, querido, humilde, que escreve muito bem (inveja boa ;)), inteligente, bondoso não encontram, levam com os merdosos. E a sua mulher que é um ser desprezível, calculista, manipuladora e ingrata, tem e não valoriza. Arre porr* para isto.
Obrigado gatita5. Sabe, a certa altura começam a surgir as dúvidas sobre si mesmo. Fica-se por vezes mais porque se crê que não se vai ter melhor do que por confiar que as coisas vão mudar. É bom saber que alguém nos lê assim.
Caros, ajudem-me aqui que eu já nem consigo pensar direito.
Naquela exposição que fiz da minha história, esqueci-me de referir duas coisas: que outra coisa que descobri há cerca de um ano foi que a minha mulher tinha enviado emails e documentação para pedir um crédito pessoal (não sei se chegou a contrair, pelo menos no site do Banco de Portugal não consta como devedora). Sabem se esse crédito poderia implicar-me a mim, por estarmos casados com comunhão de bens adquiridos?
Outra coisa que me está a intrigar, quando percebi que não havia qq poupança da parte dela, comecei a transferir-lhe mensalmente uma quantia. Essa foi a forma imediata e pouco meditada de garantir que não voltava a encontrar o frigorífico vazio ou faltar o que fosse às minhas filhas. Mas não seria de esperar que depois disto tudo da parte dela houvesse o cuidado de querer pôr algum desse dinheiro de lado?
Sinto que estou a tentar remediar algo ou alguém que não tem conserto
Caro amigo...esta a adiar o inidaviavel...penso que a sua esposa tem algum problema a nivel de nao controlar o dinheiro...para que o quer so ela o poderá dizer...eu aguentei 4 anos pelas minhas filhas mas chegamos a uma altura que temos que ser fortes e assumir que ha um problema...eu no meu caso pedi o divorcio...estou a sofrer como nunca imaginei...mas estarmos a adiar uma situação que não tem solução só nos estamos a prejudicar a nos próprios...um abraço e força.
Olá Miguel,
A sua mulher pediu um empréstimo sem o seu conhecimento? assinou alguma coisa? sabe qual é o nome/s que estão no empréstimo?
Penso que neste site poderá ver explicado a responsabilidade da dívida:
https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/lc/106487514/201703311...
Acho que a sua mulher tem alguma questão com dinheiro e não lhe quer dizer. Não sei se é uma gastadora compulsiva, ou lá o que seja, mas há alguma coisa de certeza absoluta. Há muita coisa que ela não lhe está a dizer.
Você vive com uma estranha... eu não conseguia viver com outra pessoa se não tivesse confiança nela.
Resumindo:
A sua mulher mente-lhe à descarada
Não se interessa pelo seu bem-estar
Não tem intimidade consigo
Você:
É o banco dela. Paga-lhe as dívidas e até lhe transfere um valor mensal para a conta
Não sabe quem realmente ela é
Anda a fazer psicoterapia para se manter bem emocionalmente
Essa relação está a fazer-lhe mais mal que bem.
Não seria mais vantajoso pedir a separação? ela que se desenrasque com as dívidas que contraiu e que viva nas mentiras que construiu....
Se ela lhe mente a si, também pode mentir as suas filhas. E isso não é bom.
Como disse está a tentar remediar algo ou alguém que não tem conserto.
As suas filhas merecem viver num ambiente saudável. Alguém que tenha equilíbrio. Você não vai perder as suas filhas. Hoje em dia cada vez mais os tribunais decidem pela guarda partilhada, ou seja, uma semana na casa do pai, outra semana na casa da mãe. Os juizes só optam pela mãe se o pai for mesmo muito mau pai, drogado, alcoólico, e não é este o caso.
Se eu tivesse na sua situação, com uma relação igual à sua, saltava fora antes que me afundasse de vez com ela (e claro, os filhos)....
Obrigado pelos vossos comentários. A situação é tão estranha que nem percebo muito bem o que tenho pela frente. Ter alguém aqui que me ouve é muito importante.
Não assinei nada relativamente a empréstimos, felizmente também não fui na conversa de ser fiador. Na verdade estou a adiar algo efetivamente. Espero que a minha história venha a ser útil a alguém que a leia por aqui e saiba abrir os olhos mais cedo.
Como vão as coisas Miguel? Eu estou completamente de rastos mas há dias que estou mais ou menos bem...olha para as miúdas e transformo-me em outro ser...muita força.
Membro desde: 24.08.2021