O que é o Life Cycle Assessment?

O “Life Cycle Assessment” ou “Gestão do Ciclo de Vida” é uma das ferramentas de estudo e de gestão de impactos ambientais mais utilizadas por parte das empresas que querem tornar os seus processos de produção mais amigos do ambiente.

“Life Cycle Assessment” ou “Gestão do Ciclo de Vida”

Uma das ferramentas de estudo e de gestão de impactos ambientais mais conhecidas e utilizadas por parte das empresas é o “Life Cycle Assessment” (LCA) ou “Gestão do Ciclo de Vida”. O plano LCA é uma metodologia de estudo que considera todos os passos de produção de uma empresa, ao pormenor, permitindo estimar o impacto ambiental, cumulativo, de todas as etapas desse mesmo processo, desde a angariação das matérias-primas até ao consumo final do produto. O processo produtivo estudado engloba as seguintes fases: aquisição de matérias-primas, manufatura, utilização/reutilização/manutenção, reciclagem e disposição de resíduos. Cada uma destas etapas é analisada e quantificada, de forma a verificar o impacto local, regional ou global, que este processo terá no ambiente.

Como tudo começou

Esta ferramenta surgiu, pela primeira vez, nos anos de 1960, aquando das primeiras preocupações ambientais, nomeadamente com o consumo desenfreado de matérias-primas e energia. Em 1969, e após um estudo encomendado pela The Coca-Cola Company, com o intuito de analisar o impacto ambiental do processo interno de produção da empresa, o LCA foi revisto e melhorado, surgindo como se apresenta hoje. O sucesso do LCA foi tal que, no início da década seguinte, muitas outras empresas, quer nos Estados Unidos, quer na Europa, passaram a utilizar esta ferramenta, para o mesmo fim.

4 etapas fundamentais

O processo de análise LCA é um sistema com 4 etapas distintas, cada uma com sub-análises detalhadas.

Definição dos objetivos do estudo: a decisão consciente de incluir o estudo do impacto ambiental no processo produtivo, assim como nos processos de tomada de decisão de toda a cadeia de gestão da empresa. Determina-se o tipo de informação necessária para acrescentar valor ao processo de tomada de decisão, definindo-se quais os resultados a apurar no estudo e de que forma estes serão apresentados e interpretados, de maneira a serem facilmente compreendidos e utilizados pelos gestores. O LCA poderá responder a questões como: Qual o impacto ambiental do processo, ou do produto, para os gestores da empresa? Qual o impacto que uma mudança, apenas numa das etapas do processo produtivo, irá ter em todo o processo, ou mesmo no produto final? Como poderá o processo ser modificado, de forma a causar menores danos numa determinada área (por exemplo, global), evitando um maior impacto noutra área (por exemplo, localmente)?

Análise do inventário: processo de quantificação energética e de materiais (matérias-primas), emissões atmosféricas, aquíferas, resíduos sólidos e outras externalidades, referentes a todo o processo de produção, ciclo de vida do produto e atividades da empresa. Toda a informação é recolhida, inventariada e organizada; e esta análise, para além de ser uma base essencial para a elaboração de um estudo LCA, vai ajudar a empresa a comparar, registar, enumerar e organizar todo o tipo de produtos, processos e considerações que tenham impacto ou não, no ambiente e que promovam potenciais melhoramentos do produto ou do processo produtivo. É nesta fase que se identificam e organizam listas de todos os materiais e processos poluentes, bem como gastos energéticos de todos os materiais de produção. Este processo obedece a 4 passos: desenvolvimento de um diagrama relativo aos processos de produção (quanto mais detalhado melhor); desenvolvimento de um plano de coleta de dados (dados de emissão de CO2 e todo o tipo de resíduos, consumos energéticos, matérias-primas, análises métricas de maquinaria, resultados laboratoriais, relatórios fabris, etc.); análise dos dados recolhidos; e avaliação e relatório dos dados.

Gestão do impacto ambiental: esta fase do estudo LCA pretende avaliar o impacto ambiental, e na saúde humana, das emissões de gases e outros resíduos por parte da empresa. Procura estabelecer uma ligação, o mais precisa possível, entre o sistema produtivo e o seu impacto, ou seja, pretende-se identificar o impacto de qualquer etapa do processo, seja no início, meio ou final, assim como qual o maior causador de impactos negativos, e onde se situa este, na cadeia de produção. Os vários graus de impacto provocados pela produção da empresa podem ser agrupados nas seguintes categorias: impactos globais (derretimento das calotes polares, esgotamento de recursos em relação às gerações futuras, alterações na camada de ozono, mudanças bruscas de temperaturas e ventos ou ainda aumento globais de temperatura); impactos regionais (aumento do smog citadino, redução da qualidade do ar, alterações na vegetação, provocação de irritações em olhos e gargantas, entre outros efeitos na saúde humana, animal e/ou vegetal); impactos locais (aumento da toxicidade do ar, decréscimo da qualidade da água e solos). Para quantificar o impacto, no aquecimento global, deste tipo de efeitos colaterais, provenientes do processo fabril, é utilizada a seguinte fórmula: Dados inventariados x Fatores caracterizadores = Indicadores de Impacto ambiental (modelo segundo o Intergovernamental Panel on Climate Change).

Interpretação de resultados: técnica sistemática de quantificação e avaliação de informação relativa aos passos anteriores do estudo LCA, que permite comunicar os resultados obtidos. Todo o processo LCA dá aos gestores a informação necessária, em relação a impactos ambientais e de saúde pública, resultante das emissões de resíduos por parte da empresa. Através do conhecimento dos resultados demonstrados, os gestores podem definir estratégias de forma a minimizar os danos causados, tendo sempre em atenção os recursos disponíveis. É nesta altura que surgem as recomendações, chamadas de atenção e principais conclusões resultantes da análise de todos os dados. Ainda de acordo com os resultados apresentados, serão idealizadas estratégias, cada uma com os seus prós e contras, que ao ser estudadas pelos gestores, entrarão em vigor, de acordo com as suas possibilidades e limitações de recursos.

Objetivo final

O objetivo final de um estudo LCA prende-se não só com a melhoria da qualidade de todo o processo de produção da empresa em questão e a redução da sua pegada de carbono, como também permite estabelecer um maior equilíbrio entre custos e eficiências (energéticas e de recursos), como pode ainda permitir o desenvolvimento de novos processos, novos produtos, ou mesmo, descobrir novas necessidades para a empresa e/ou para o consumidor.