
Pílula do dia seguinte: para emergências apenas
Os métodos anti-contraceptivos fazem tão parte do quotidiano de uma mulher como os seus cremes hidratantes ou lip gloss. Casos há, porém, quando por um ou outro motivo, a eficácia do método habitual é questionado e, para evitar uma gravidez indesejada, recorre-se à pílula do dia seguinte.
Pílula protectora
Vendida em Portugal desde 2001 e no Brasil desde 1999, a pílula do dia seguinte é, tal como o seu próprio nome indica, uma pílula anti-contraceptiva que se toma após uma relação sexual não protegida, de forma a evitar a gravidez. Utilizada em casos de violação, a pílula anti-contraceptiva aplica-se ainda em situações onde o preservativo rompeu, onde se verificou a deslocação do diafragma, na eventualidade de a toma da pílula convencional ter sido esquecida ou se existe a suspeita que a toma de algum outro medicamento possa anular o efeito da pílula tradicional.
A sua acção
Ao contrário do que geralmente se pensa, a pílula do dia seguinte não “mata” os espermatozóides, mas evita a fecundação. A sua dose elevada de hormonas – estrogénio e progesterona – provocam alterações significativas no muco vaginal, o que, para além de impedir a passagem dos espermatozóides, altera a camada interna do útero, local onde se daria a implantação do óvulo. Ao acelerar o movimento das trompas, a pílula do dia seguinte faz com que o óvulo chegue ao útero sem estar completamente maduro. Uma vez anulada a possibilidade de fecundação, é evitada a gravidez.
A toma e os efeitos secundários
Para surtir o efeito desejado, a pílula do dia seguinte deve ser tomada até um máximo de 72 horas após a relação sexual não protegida. Por norma, a sua posologia é de dois comprimidos, sendo que o primeiro deve ser tomado o mais cedo possível e o segundo, entre 12 e 24 horas depois da primeira administração. Este medicamento tem associado vários efeitos secundários: náuseas, vómitos, tonturas, cefaleias, fadiga, tensão mamária, dores abdominais e hemorragias. É recomendável a toma simultânea de medicamentos contra o enjoo, precisamente para evitar vómitos que podem eliminar o efeito da pílula se esta for expelida do corpo. Uma toma da pílula do dia seguinte equivale a 15 comprimidos de uma pílula tradicional, por isso, pode alterar significativamente o ciclo menstrual e a sua consequente normalização pode demorar algum tempo.
Eficácia & Emergência
Apesar de não ser 100% eficaz, a pílula do dia seguinte regista uma taxa de sucesso muito elevada. Pode e deve retomar a toma da sua pílula convencional ou o uso regular de outro método anti-contraceptivo depois de efectuado o tratamento com a pílula do dia seguinte, até porque esta não produz qualquer efeito nas relações sexuais que possa vir a ter a seguir! Nunca será demais alertar para o facto que este é um recurso de emergência, para ser utilizado excepcionalmente e não como regra, evitando assim uma gravidez não planeada ou não desejada. Dada a elevada dose de hormonas e os efeitos secundários associados à pílula de emergência (entre os quais grandes desequilíbrios hormonais) podem ocorrer efeitos negativos a longo prazo se esta for utilizada de forma contínua ou em substituição da pílula convencional. Embora relativamente recentes, alguns estudos apontam para uma ligação perigosa entre o uso continuado da pílula do dia seguinte e alterações graves no ciclo menstrual e consequente risco de gravidez, problemas com gravidezes futuras, cancro da mama e do útero, risco de trombose e até embolia pulmonar.
Os números da pílula de emergência
Em 2000, ano em que a pílula do dia seguinte começou a ser comercializada em Portugal, foram vendidas cerca de 50 mil embalagens, um número que duplicou em 2001 e que em 2002 atingiu as 140 mil caixas. No ano seguinte, esse número subiu para cerca de 150 mil embalagens e, em 2004, registou-se a venda de quase 193 mil unidades. Esse número voltou a subir em 2005, com a venda de aproximadamente 226 mil caixas; e no ano de 2006 foram vendidas cerca de 239 mil unidades. Em 2007, esses números diminuíram pela primeira vez em sete anos: 207 mil caixas. Em contrapartida, os primeiros dois meses do ano de 2008 registaram a comercialização de 42,561 unidades. A pílula do dia seguinte é vendida nas farmácias e desde 2005 que também pode ser adquirida em postos de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica. Nos hospitais e centros de saúde, a sua distribuição é gratuita.
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