Violência doméstica | A Nossa Vida

Violência doméstica

Retrato de Kynia
30.11.2010 | 15:37
Kynia:
Membro desde: 24.09.2009

Governo aprova plano contra violência doméstica 2011-2013

Portal do Cidadão wrote:

O Governo aprovou, na reunião de Conselho de Ministros, de 25 de Novembro, o IV Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2011-2013. Sensibilizar, proteger as vítimas, prevenir a reincidência dos agressores e qualificar os profissionais para esta problemática, são algumas das áreas de intervenção.

Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, o IV Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2011-2013 foi estruturado com base nas políticas nacionais instituídas pelo Governo e de acordo com os contributos obtidos através de consulta pública.

Entre as 50 medidas constantes do Plano, destaque para a implementação do rastreio nacional de violência doméstica junto de mulheres grávidas e de programas de intervenção para agressores. O plano prevê, também, o alargamento, a todo o território nacional, da utilização da vigilância electrónica e da criação do mapa de risco geo-referenciado do percurso das vítimas.

Destaque, ainda, para a promoção do envolvimento dos municípios na prevenção e no combate à violência doméstica e na distinção e divulgação de boas práticas empresariais no combate à violência doméstica.

O Plano prevê que sejam implementadas medidas em torno de cinco áreas de intervenção: informar, sensibilizar e educar; proteger as vítimas e promover a integração social; prevenir a reincidência - intervenção com agressores; qualificar os profissionais; investigar e monitorizar.

Fonte: http://www.portaldocidadao.pt/PORTAL/pt/noticias/11_2010/NEWS_governo+ap...

Comunicado do Conselho de Ministros: http://www.portugal.gov.pt/pt/GC18/Governo/ConselhoMinistros/Comunicados...

Acham que isto vai alterar alguma coisa??
Não me parece...

Sempre houve e haverá violência doméstica, tanto fisica como verbal. Ela por vezes é tão camuflada que mesmo estando atento não nos apercebemos da sua existência.

É muito triste assistir a violência e não poder fazer nada, sentirmo-nos impotentes, ficar com ódio, com medo do dia seguinte, com medo da mais pequena asneira e levar/ver logo um empurrão.

Por favor se alguém sofre de violencia (quer seja fisica ou verbal)não deixem que ela continue, denunciem.

Façam alguma coisa.


Retrato de wedset
Ter, 30/11/2010 - 15:45
wedset:
Membro desde: 03.05.2010

Aprecio o teu tópico.

De facto é mais um passo e espero que tenha mais repercussões do que espero.

A meu ver, enquanto existirem mulheres a consentir a violência por várias razões desde:
- proteger os filhos (?!?! assistir a violência durante o crescimento é saudável?);
- se ele me bate foi porque me portei mal;
- se ele me mal trata é porque me ama;
- e coisas afins que já tenho ouvido e lido.

Para além da violência física, não podemos esquecer a violência verbal!

Discussões onde se debitam nomes, adjectivos, ofensas, asneiradas e faltas de respeito, para mim também são formas de violência, e não devem ser vistos nem interpretados como meras formas de desabafo ou exaltação. Muitas vezes, estes são o primeiro passo, para um estalo.. um soco..

Mulheres e homens abram os olhos (Sim, porque não são só as mulheres que sofrem de violência quer física, quer verbal).

Respeito mútuo nunca fez mal a ninguém.

Retrato de pulguinhas
Ter, 30/11/2010 - 16:10
pulguinhas:
Membro desde: 16.12.2009

Primeiro de tudo parabens pelo topico Clap

Depois , WEDSET concordo com o que tu dizes mas ao mesmo tempo não.
passo a explicar, muitas mulheres fazem queixas vezes e vezes sem conta e o que acontece ao "animal" que as maltrata??? bem eu respondo-te NADA . Felizmente nem sempre é assim mas em muitos dos casos é. Ou seja elas já estão com medo da situaçao finalmente resolvem dar o GRANDE PASSO de fazer queixa e nada acontece, muitas dessas dependentes dos agressores que não tem para onde ir, resultado, levam mais ainda por terem feito queixa.. Devia haver mais apoio em portugal a este nivel mas INFELIZMENTE NÃO HÁ .
Ainda Hoje se viram o jornal da uma, ou se nao se tiverem oportunidade de ver a noite a historia de uma mulher que apresentou MILHARES de queixas e continua ate hoje sem ver resultados ela mesma dizia "eu depois disto sou uma mulher morta"

Revolta-me este país, estas leis que não se cumprem e estas penas tao pequenas para quem tanto mal causa .
Enfim já aqui vou num testamento enorme.

Retrato de Sayuri
Ter, 30/11/2010 - 19:20
Sayuri:
Membro desde: 25.06.2008

Eu espero que esta nova lei mude, de facto, qualquer coisa acerca destas situações que são muito mais frequentes do que se imagina. Existe muita vergonha escondida e isso facilita a tarefa dos agressores.

Como se disse anteriormente, o problema é quando eles são denunciados mas nada é feito por "não serem apanhados em flagrante delito". E pior ainda, é quando eles se vingam e acabam por matar as ex-namoradas e/ou companheiras.

Ainda há pouco tempo tive conhecimento de um caso que me deixou absolutamente chocada. Já tinha ouvido de casos em que elas ficam assim, mas ver à minha frente, foi a primeira vez. A senhora estava completamente negra desde a testa até à boca, já para não falar nas feridas que tinha na cara. Se eu fiquei incrédula com o que estava a ver, imagino as duas filhas menores. Felizmente que a senhora apresentou logo queixa, quando foi ao hospital, contra o marido e saiu de casa com as crianças.

Por isso, nunca é de mais alertar as pessoas para os vários tipos de violência que, aliás, já foram aqui e muito bem focados e incentivá-las para procurarem a ajuda que precisam para poderem sair dessas relações.

Retrato de CorpseBride
Ter, 30/11/2010 - 21:02
CorpseBride:
Membro desde: 02.10.2008

Acho que toda a gente sabe de um ou dois casos de violência doméstica - o que diz muito acerca da dimensão deste problema...

Sei de uma senhora que um dia se cansou de ser maltratada e resolveu deixar de partilhar o mesmo tecto com o marido. Tinham uma filha de 6 anos que ela nem pensou duas vezes antes de levar consigo para longe da violência, não fosse sobrar para a criança. Além disso, a própria miúda ganhara ódio ao pai pelo que o via fazer à mãe, pelo que não podia mesmo ficar sozinha com ele.

O que é que a senhora teve que fazer?
Sair de casa practicamente só com a roupa que ela e a filha tinham no corpo. Não podiam levar mais nada sob pena de ser acusada de abandono do Lar (ou algo do género). Sei que seria legalmente penalizada se levasse consigo os seus pertences mais básicos. Nem mesmo os brinquedos da filha puderam sair de casa do pai.

Teve asorte de encontrar gente que lhe dispensou um andar a baixo custo, alguma mobília, roupas e louças para aguentar até que um dia o tribunal se resolva.
E se não tivesse tido essa sorte? Provavelmente teria tido a mesma sorte que tantas e tantas mulheres com filhos: teria ficado em casa com o 'marido' e aguentado.

Ora, acho que enquanto não se aprovar uma Lei que anule este tipo de situações, nenhuma alteração servirá de muito neste âmbito.

There are no flowers on your grave, there are no chains
There I keep chanting for the forgotten name

Retrato de Nesoca
Ter, 30/11/2010 - 21:28
Nesoca:
Membro desde: 10.11.2010

Só para as meninas que acham que as vítimas devem fazer queixa - a violência doméstica é um fenómeno extremamente complexo, fazer queixa é, para uma vítima muitas vezes mais difícil do que apanhar.

Além disso, já é há vários anos crime público o que significa que qualquer cidadão caso o veja a ser perpetrado ou tenha conhecimento tem a obrigação de o denunciar. Os médicos nos hospitais têm a obrigação de o denunciar (não é por acaso que há um posto de polícia em todos os hospitais) e de fazer imediatamente os exames de medicina legal que possam vir a ser necessários para um julgamento do crime. As vítimas já não podem retirar a queixa (que era o que frequentemente acontecia).

Se conhecem algum caso tentem orientar para um Centro de Atendimento. Há diversos espalhados pelo país. Estes podem depois de uma avaliação do grau de risco da situação encaminhar para uma Casa-abrigo. Se se considerar que há risco imediato de vida normalmente seguem directamente para uma casa-abrigo. Senão tenta-se delinear uma estratégia que pode passar por continuar mais algum tempo em casa.

O aumento do número de mortes está directamente ligado com o novo Código do Processo Penal.

Retrato de CorpseBride
Ter, 07/12/2010 - 19:13
CorpseBride:
Membro desde: 02.10.2008

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=482656

Quote:

Tribunal:Dar 2 bofetadas ex-mulher não é violência doméstica

O Tribunal da Relação de Coimbra indeferiu o recurso interposto pelo Ministério Público para condenar por violência doméstica um homem que deu duas bofetadas na mulher com quem vivera maritalmente durante 14 anos, em Buarcos, Figueira da Foz.
Na primeira instância, o homem, engenheiro eletrónico, foi condenado pelo crime de ofensa à integridade simples, na pena de 140 dias de multa, à razão diária de 7 euros, e ainda no pagamento à ex-mulher, professora na Universidade de Aveiro, da quantia de 500 euros a título de danos não patrimoniais.

O Ministério Público (MP) recorreu, pedindo a condenação pelo crime de violência doméstica, que é punível com uma pena entre um e cinco anos de prisão, subindo o limite mínimo para dois anos se os factos se registarem no domicílio da vítima.

Nem na definição de "violência doméstica" os tribunais acertam... Surprise

There are no flowers on your grave, there are no chains
There I keep chanting for the forgotten name