Salários dos Licenciados | Page 3 | A Nossa Vida
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Retrato de isabel fujão
Qua, 22/07/2009 - 19:36
isabel fujão:
Membro desde: 14.03.2008

como já referi anteriormente, por vezes amaldiçoo a Licenciatura que tirei, pois é muito frustrante ter estado 18 anos a estudar para nada!

mas também existe muito boa gente que não quer fazer nenhum!

Sou daquelas que estagiou nove meses num hotel, no sector da animação, em Vilamoura, a picar o ponto como qualquer funcionário da empresa.
e fiquei mais um mês porque a chefe recrutou mais duas raparigas e precisava de alguém com alguma experiência que a auxiliasse!
retribuíam-me com 200€ mensais,alimentação e alojamento. Estava no céu, pois o meu estágio não era para ser remunerado!E cheguei muitas vezes ao estágio molhada um pintainho porque para apanhar o autocarro tinha que andar 15 minutos a pé, por caminhos de terra batida!

Saí do estágio com a porta aberta para regressar quando quisesse.

Passados uns meses, saí da casa dos meus pais e regressei ao algarve. fui trabalhar para o mesmo grupo, mas para albufeira.

4 meses depois, saí dali e fui fazer um estágio de nove meses na área da animação sociocultural com toxicodependentes.

e entretanto, já trabalhei numa escola, três meses como animadora num resort de luxo, tirei uma formação na área da Gestão Comercial, 1 ano e meio num aparthotel, voltei a fazer uma formação de 4 meses em Turismo e Termalismo, 15 dias numa loja de vestuário e agora vou estar até fins de setembro num aldeamento turístico, como recepcionista.

Ou aceito trabalhos com poucos meses ou então fico quietinha à espera de "um ordenado de licenciado"!

É verdade que ter estudado tanto e não ser reconhecida por isso, é frustrante, mas também sou sincera para um grande cargo não tenho experiência!a minha frustração é que não me dão a oportunidade de adquirir essa experiência!

Trabalhar no Algarve, principalmente no Turismo, não é fácil, mas convenhamos, nesta altura está fácil onde?

Seria preciso as coisas estarem muito más para fugir do meu cantinho para outro país!lá fora ganhasse melhor?talvez!mas em relação a portugal!e o custo de vida também é mais caro!

as únicas coisas que "condeno" são:
- os licenciados na área de medicina, por exemplo, estarem a estagiar e receberem uma boa quantia - e corrijam-me se estiver enganada - e licenciados noutras áreas, terem que estagiar sem
direito a remuneração!

- e o facto de existirem tantos cursos profissionais com equivalência ao 12º, dos quais saem profissionais com muito mais experiência que licenciados na mesma área!

e já agora: meninas marmar e clara1981, não existe nenhuma filial da vossa empresa para os lados do barlavento "allgarvio"?
LOL

Retrato de isabel fujão
Qua, 22/07/2009 - 19:44
isabel fujão:
Membro desde: 14.03.2008

são,por vezes esses 3 ou 4 meses em resorts de luxo que me têm aberto muitas portas para trabalhar!

e tenho esperança que qualquer dia o portão abre!lol

Retrato de Beauty and the Beast
Qua, 22/07/2009 - 19:46
Beauty and the Beast:
Membro desde: 20.05.2009

anocas_99 wrote: É mais fácil ficar em casa a receber do estado sem fazer absolutamente nada, do que ter que acordar cedo e ir trabalhar o dia todo...
É por estas e outras que o país não anda em frente...enquanto a mentalidade das pessoas não mudar e pensar que "lá fora" é que é bom...

=D> =D> =D>

...é isto também que eu penso. Penso que precisamos de mudar dde atitude. Certamente já repararam que nos nossos McDonald's e outros restaurantes de centro comerciais quase que só trabalham imigrantes brasileiros, e africanos...
Como alguém disse anteriormente, se quiser arranjar alguém de confiança para fazer limpeza ou passar a roupa a ferro, dificilmente encontro, e é brasileiras e imigrantes de leste que o fazem...

Acho que devíamos ser um pouco mais como o Japão. Após a II Guerra Mundial, derrotados, aceitaram a ajuda dos Estados Unidos, que os "ensinaram" a modernizar e a crescer. Os "ensinamentos" foram de tal forma assimilados que hoje são um dos países mais desenvolvidos à face da terra, e cujos habitantes têm em média o menor número de dias de férias/folgas por ano do mundo. Isto porque naquele país as pessoas sabem que é o seu trabalho que faz com o que seu país cresça, e dedicam-se ao máximo. Isto estava escrito no livro de História do 9.º ano, e lembro-me que já na altura, com 14/15 anos, pensei "é isto que nos falta, a nós portugueses"...

Retrato de carapim
Qua, 22/07/2009 - 20:07
carapim:
Membro desde: 16.08.2007

Beauty and the Beast wrote:
Acho que devíamos ser um pouco mais como o Japão. Após a II Guerra Mundial, derrotados, aceitaram a ajuda dos Estados Unidos, que os "ensinaram" a modernizar e a crescer. Os "ensinamentos" foram de tal forma assimilados que hoje são um dos países mais desenvolvidos à face da terra, e cujos habitantes têm em média o menor número de dias de férias/folgas por ano do mundo. Isto porque naquele país as pessoas sabem que é o seu trabalho que faz com o que seu país cresça, e dedicam-se ao máximo. Isto estava escrito no livro de História do 9.º ano, e lembro-me que já na altura, com 14/15 anos, pensei "é isto que nos falta, a nós portugueses"...

falar disto como se tivesse sido com a chegada dos americanos que o país se desenvolveu e se começou a cultivar a mentalidade de amor fanático pelo trabalho e devoção à empresa no japão é, desculpa, não querer ver metade do quadro. mas compreendo porque se foi o que aprendeste no 9º ano, é natural que tenhas dado as coisas pela rama. mas está errado, porque seria preciso ter algumas coisas em conta:

1. compreender a cultura japonesa e saber que ainda existe uma estrutura social rígida que passa pela honra, prestígio familiar e devoção ao espaço de trabalho;

2. antes da guerra o japão já era uma potência militar e económica. os eua limitaram-se a reconstruir, depois da valente m*rda que fizeram com as bombas atómicas. era o mínimo.

3. o que os eua levaram para o japão foram mais elementos da cultura ocidental - música, moda, legislação. é evidente que levaram tecnologia, mas apenas porque não iam reconstruir um país com tecnologia de 20 anos atrás. no fundo, o desenvolvimento económico japonês foi semelhante ao da actual china sem que tivessem passado por um regime comunista. de qualquer das formas, a forma de encarar o trabalho não é, de todo, ocidental.

4. a cultura japonesa não é exemplo para nenhum ocidental. a pressão sobre os trabalhadores é muito grande, pelo menos para os nossos padrões. se me falasses nos países nórdicos, que souberam aproveitar bem os recursos naturais e têm dos sistemas de saúde, segurança social e apoio ao emprego do mundo, ainda te dava razão. agora assim, lamento, mas não consigo.

beijinhos!

Retrato de amartins
Qua, 22/07/2009 - 20:19
amartins:
Membro desde: 12.02.2009

Bem, parece que por aqui as opiniões estão a radicalizar-se.
Não vamos julgar a floresta por uma das suas árvores, certo?

As situações devem ser vistas caso a caso , evitando generalizações ( estas são por natureza incorrectas e injustas).

Só algumas coisas que me chamaram a atenção:
Beauty - o Japão visto de fora e nos livros é lindo. Não é assim para os próprios ou para quem lá trabalha.

Carapim - já fiz algumas entrevistas, mas só da parte técnica. Só fui verificar se o que as pessoas diziam que faziam, se faziam mesmo...
Se alguém me dissesse "tout court" que quer estudar até ao doutoramento , eu diria que estava no lugar errado.
A resposta que eu queria ouvir é que a prioridade daquela pessoa é conhecer o lugar/empresa e dominar a sua posição. Uma empresa quer um colaborador empenhado em afirmar-se no seu território. Não quer um funcionário que está ali como muleta porque ainda não atingiu o que quer na vida...
Claro que se alguém me dissesse que via o estudo como uma forma de melhor desempenhar o seu lugar, de se realizar como pessoa...seria bem vindo. E sempre apoiei quem estudava, até porque sempre estudei sem descurar as minhas obrigações.

Retrato de amartins
Qua, 22/07/2009 - 20:24
amartins:
Membro desde: 12.02.2009

isabel fujão wrote: são,por vezes esses 3 ou 4 meses em resorts de luxo que me têm aberto muitas portas para trabalhar!

e tenho esperança que qualquer dia o portão abre!lol

Acredita que é mesmo assim que se abrem portas. Fazer bem um lugar é abrir portas para o próximo.

Quanto aos 18 anos de estudo, vá...alguns deles são obrigatórios, não? E o caminho certo é continuar o estudo e a formação.

Boa sorte!

Retrato de Beauty and the Beast
Qua, 22/07/2009 - 20:50
Beauty and the Beast:
Membro desde: 20.05.2009

isabel fujão wrote:

as únicas coisas que "condeno" são:
- os licenciados na área de medicina, por exemplo, estarem a estagiar e receberem uma boa quantia - e corrijam-me se estiver enganada - e licenciados noutras áreas, terem que estagiar sem
direito a remuneração!

O curso de Medicina tem a duração de 6 anos: 3 anos teóricos, e 3 anos práticos ou clínicos. Com o Bolonha a duração do curso não foi alterada, simplesmente antes era uma Licenciatura e agora é um Mestrado Integrado.
O último ano (portanto, o 6.º) é chamado estágio profissionalizante, que não é pago. No caso da minha faculdade (não sei se é igual em todas), são feitos sete estágios em sete "cadeiras": Cirurgia, Medicina, Medicina Geral e Familiar, Obstetrícia e Ginecologia, Pediatria, Saúde Mental, e Saúde Pública.
No final do 6.º ano, temos um Mestrado Integrado em Medicina (mas digamos que experiência enquanto médicos é pouca ou nenhuma). Desde Junho até Novembro estudamos que nem loucos para o exame mais importante de sempre: o Exame da Especialidade.
Depois desse exame, em Janeiro, começa o chamado Internato do Ano Comum, que todos os médicos, independentemente da especialidade que tirarão têm que fazer. Este é um ano fulcral na formação de um médico, pois aí é que vai saber o que é ser médico. Teoricamente, têm um tutor e têm de fazer tudo com o aval do tutor, mas em muitos sítios são os jovens licenciados (agora mestres) são despejados no hospital, e agora amanha-te; ou seja fazem o trabalho de um médico "normal". O Internato do Ano Comum é pago em parte pelo Estado, e outra parte pelo Hospital. O "ordenado" é actualmente, se não estou em erro, 1300€. Alguns Hospitais querem acabar com este internato devido à falta de verba, mas é de salientar o quão desastroso isso seria. No Internato do Ano Comum, os internos vão passar por várias especialidades, e vão ter uma noção geral de tudo, do que é ser médico (até aí nunca tiveram verdadeiramente, apenas em termos teóricos). É de salientar também que a escolha do Hospital onde fazem o Internato é feita tendo em conta a média de curso (os com melhor média, escolhem primeiro, e há determinado número de vagas para determinados hospitais), e podemos ir ter a sítios longe da nossa área de residência, e assim ter arrendar casa, etc..
No final desse ano, saem as notas do tal Exame da Especialidade. Aqui mais uma vez os com melhor nota escolhem primeiro (tenhamos em conta que 50% das vagas são Medicina Geral e Familiar, e que o sonho da grande maioria não foi propriamente esse, portanto ter grande nota é sinónimo de mais oportunidades de entrar na sua especialidade de sonho [Cirurgia Plástica e de Reconstrução, Cirurgia Cárdio-Torácica, Dermatologia são das primeiras vagas a fechar, por exemplo, mas depende de ano para ano]).
Depois de escolhida a especialidade e o hospital, passam a ser internos da especialidade, e também são pagos, mas não sei dizer valores. O Internato da Especialidade pode variar entre três a seis anos. Aqui continuam a estudar e a prestar provas aos tutores, enquanto trabalham "normalmente".
Tenham em conta que ambos Internatos (do Ano Comum e da Especialidade) são OBRIGATÓRIOS para se poder exercer a actividade médica; sem eles, a Licenciatura/Mestrado de nada servem.
Eu sei que pode parecer injusto, mas se esses internatos não fossem remunerados, começaríamos a receber, no mínimo, após 10 anos do início do curso (6 anos [de curso] + 1 ano [de Internato de Ano Comum] + 3 anos [que é o mínimo de Internato da Especialidade, mas que pode ir até 6 anos]); ou seja, com sensivelmente 28 anos.
E eu não conheço ninguém que gaste mais dinheiro que eu num curso (de ensino público, claro)... As proprinas têm o valor máximo permitido por lei; os livros têm preços atrozes (estava a olhar para a minha estante e a ver que tenho ali mais de 300€ [atenção, eu estou no segundo, e o pior ainda aí vem] - e eu sou daquelas que compro só os estritamente necessários, os outros cometo a ilegalidade de comprar em fotocópia [eu sei que é terrível, e não gosto nada de livro fotocopiados, preferia tê-los originais, mas o dinheiro não chega para tudo], fora fotocópias, batas e material médico (um estetoscópio fraquinho custa 150€...).

P.S.: Relativamente, à informação que prestei relativamente aos internatos, não é nenhuma informação oficial. São coisas que li, e que vamos perguntando aos nossos colegas mais velhos e assistentes (como disse, estou no segundo ano, ainda falta muito para a minha vez... :p).

Retrato de Beauty and the Beast
Qua, 22/07/2009 - 21:19
Beauty and the Beast:
Membro desde: 20.05.2009

carapim wrote:

Beauty and the Beast wrote:
Acho que devíamos ser um pouco mais como o Japão. Após a II Guerra Mundial, derrotados, aceitaram a ajuda dos Estados Unidos, que os "ensinaram" a modernizar e a crescer. Os "ensinamentos" foram de tal forma assimilados que hoje são um dos países mais desenvolvidos à face da terra, e cujos habitantes têm em média o menor número de dias de férias/folgas por ano do mundo. Isto porque naquele país as pessoas sabem que é o seu trabalho que faz com o que seu país cresça, e dedicam-se ao máximo. Isto estava escrito no livro de História do 9.º ano, e lembro-me que já na altura, com 14/15 anos, pensei "é isto que nos falta, a nós portugueses"...

falar disto como se tivesse sido com a chegada dos americanos que o país se desenvolveu e se começou a cultivar a mentalidade de amor fanático pelo trabalho e devoção à empresa no japão é, desculpa, não querer ver metade do quadro. mas compreendo porque se foi o que aprendeste no 9º ano, é natural que tenhas dado as coisas pela rama. mas está errado, porque seria preciso ter algumas coisas em conta:

1. compreender a cultura japonesa e saber que ainda existe uma estrutura social rígida que passa pela honra, prestígio familiar e devoção ao espaço de trabalho;

2. antes da guerra o japão já era uma potência militar e económica. os eua limitaram-se a reconstruir, depois da valente m*rda que fizeram com as bombas atómicas. era o mínimo.

3. o que os eua levaram para o japão foram mais elementos da cultura ocidental - música, moda, legislação. é evidente que levaram tecnologia, mas apenas porque não iam reconstruir um país com tecnologia de 20 anos atrás. no fundo, o desenvolvimento económico japonês foi semelhante ao da actual china sem que tivessem passado por um regime comunista. de qualquer das formas, a forma de encarar o trabalho não é, de todo, ocidental.

4. a cultura japonesa não é exemplo para nenhum ocidental. a pressão sobre os trabalhadores é muito grande, pelo menos para os nossos padrões. se me falasses nos países nórdicos, que souberam aproveitar bem os recursos naturais e têm dos sistemas de saúde, segurança social e apoio ao emprego do mundo, ainda te dava razão. agora assim, lamento, mas não consigo.

beijinhos!

Eu tenho noção que esta maneira de estar japonesa não foi trazida pelos americanos, mas é parte intrínseca da sua cultura. O que eu queria dizer é que a tecnologia que os Estados Unidos (essencialmente cadeias de montagem) trouxeram, aliadas à sua maneira de estar (e também a humildade de aceitar a ajuda do "inimigo"), fizeram com que o "pupilo ultrapassasse o mestre".

É certo que o lançamento das bombas atómicas foi algo terrível, mas não nos podemos esquecer também foi um contra-ataque, depois do que aconteceu em Pearl Harbor.

Em suma, o que eu queria dizer é que nos falta um pouco dessa maneira de estar japonesa. Ainda que não faça parte da cultura ocidental, acho que nós deveríamos fazer com que estivesse, deveríamos racionalmente (e não algo intrínseco da nossa maneira de ser/estar, enquanto nação) compreender que o nosso trabalho é o motor do crescimento do nosso país...

Espero ter sido mais clara desta vez...

Retrato de Tsuga
Qua, 22/07/2009 - 21:32
Tsuga:
Membro desde: 16.02.2009

Se falares na maneira de estar japonesa e no facto de eles dedicarem a vida quase em absoluto ao trabalho, lembra-te também que é um dos países com maior taxa de suicídio do mundo.

Retrato de ella
Qua, 22/07/2009 - 21:49
ella:
Membro desde: 14.08.2007

Carapim:
A entidade empregadora nao esta interessada nas "ambiçoes pessoais" dos seus empregados.

Fazer o doutoramento é um benificio teu e isso nao vai melhorar a tua capacidade de trabalho, acredita.

A exigencia das empresas internacionais é a experiencia de trabalho é ai onde voce prova ser capaz, dinamica, autonoma, motivada, etc.

Para eles um estudante com licenciatura, um estudante com mestrado ou um estudante com doutoramento é apenas isso... um estudante! Ainda nao provou que é capaz de trabalhar, vai ter que "aprender" na mesma, por isso é que os estagios sao tao importantes.
Caso fores para a docencia ai sim o teu Doutoramento tem valor, caso contrario, a experiencia falará sempre mais alto.
Para a proxima entrevista tem em conta isso.
Boa sorte para todas!

Retrato de Claudia_Paulo
Qua, 22/07/2009 - 21:55
Claudia_Paulo:
Membro desde: 28.01.2008

Passo umas horas fora deste tópico e quando volto até choro a rir com algumas de vocês

Marmar e Clara, estou de facto incrédula com as entrevistas referidas. Sabia que havia muita boa gente a querer tudo e mais alguma coisa e de preferência sem esforço mas vocês citaram alguns casos que meu DEUS!!!

Eu moro em Águas Santas e vou todos os dias pra Arcozelo trabalhar...VCI, A44, A29...mas tem de ser gosto do que faço

Claro que quero crescer ainda mais e lá dentro só se for pra direcção/administrador por isso resta-me tantar um aumento enquanto lá estou e enquanto isso procurar um local onde posso crescer mais ainda

Se precisarem de uma Gestora de Marketing aqui estou eu

Retrato de Tsuga
Qua, 22/07/2009 - 22:11
Tsuga:
Membro desde: 16.02.2009

Já referi uma vez aqui no fórum que não concordo com a máxima "todo o trabalho é bom".

Eu concordo que um curso superior é uma mais valia em termos pessoais, mas não devemos ser hipócritas ao ponto de dizermos que devemos fazer aquilo que nós gostamos e não pensarmos no que vamos ganhar. Quando escolhemos um curso pode ser apenas por amor à camisola, mas se tentarmos entrar no mercado de trabalho com o coração cheio de ideias e com vontade de trabalhar para construirmos o nosso futuro, cortam-nos logo as bases. Eu tirei o curso que queria, estudei 6 anos, incluindo um ano de estágio académico (que não era mais do que trabalhar como os outros todos sem receber e com um orientador a aconselhar-me) e cheguei ao mercado de trabalho e estive 4 meses a mandar CV's, a bater a todas as portas imaginárias e possíveis. Recebi muitas respostas negativas, muito silêncio e em alguns casos cheguei a ir a entrevistas. Cheguei a recusar propostas de emprego porque o que me ofereciam não cobria sequer as despesas. Ofereciam cerca de 500euros, a recibo verde, a vários quilómetros da minha casa, mas eu teria de ter o meu carro disponível a qualquer altura do dia, com a gasolina paga por mim, trabalhar 8horas por dia de segunda a sexta, alguns fins de semana a algumas noites. Por muita paixão que eu tenha por aquilo que eu faço, este tipo de situação desanima qualquer um. Eu sei de casos de colegas meus a quem nem 500euros foi oferecido!!! Desculpem lá, mas a responsabilidade também se paga. É evidente que eu conheço a situação do país, mas se todos os licenciados exigissem 800 ou 900 euros, já ninguém ofereceria o salário mínimo.

Aqui alguém já referiu os outros países europeus. Eu trabalhei em 3 e posso dizer que em termos de emprego Portugal tem muito que aprender. Trabalhei em Inglaterra; eu sei que o que recebia era o mínimo que se paga a alguém com um curso superior. Posso dizer que não era nenhuma fortuna, mas chegava perfeitamente para pagar a renda da casa, as contas todas e ao fim de alguns meses, para pagar um carro e ir de férias para fora. Até quem recebia o salário mínimo podia ter esses "luxos". Não havia pausa de almoço, é verdade, era preciso trabalhar duro, mas podia-se fazer intervalos para café, para uma sandoxa e afins. Desde que ao fim do dia tudo estivesse pronto, tudo na boa. Trabalho na Irlanda: exactamente o mesmo que na Inglaterra. Trabalhei na Dinamarca: até hoje o país onde mais gostei de estar. Além de salários justos, e apesar de se pagar uma fortuna em impostos, os serviços públicos existem e funcionam. Mas acima de tudo, o que eu gostei em qualquer um dos países, foi o facto de em todos eles nos darem uma oportunidade. Era "nova" no mercado de trabalho, mas deram-me formação, oportunidades de evoluir na carreira e viram o meu curso como uma mais valia. Em Portugal exige-se experiência e motivação e em troca dá-se trabalho a recibos verdes pago com uma tuta meia. Eu continuo a adorar o meu país, mas acho muito triste do lado dos patrões não haver muito incentivo.

Eu concordo que não se deve recusar trabalho por desculpas ridículas como ir de férias ou ficar 1 hora longe do gato, ou por se achar que o salário não é suficientemente milionário, mas um curso superior deve ser valorizado na hora do pagamento, principalmente se for exigido na hora de exercer funções.

Retrato de Beauty and the Beast
Qua, 22/07/2009 - 23:57
Beauty and the Beast:
Membro desde: 20.05.2009

Tsuga wrote: Se falares na maneira de estar japonesa e no facto de eles dedicarem a vida quase em absoluto ao trabalho, lembra-te também que é um dos países com maior taxa de suicídio do mundo.

No mundo, 815 000 pessoas cometeram suicídio no ano 2000, o que perfaz 14,5 mortes por 100 000 habitantes (uma morte a cada 40 segundos).

Países do Leste Europeu são os recordistas em média de suicídio por 100.000 habitantes. A Lituânia (41,9), Estônia (40,1), Rússia (37,6), Letônia (33,9) e Hungria (32,9). Guatemala, Filipinas e Albânia estão no lado oposto, com a menor taxa, variando entre 0,5 e 2. Os demais estão na faixa de 10 a 16.

Em números absolutos, porém, a China lidera as estatísticas. Foram 195 mil suicídios no ano de 2000, seguido pela Índia com 87 mil, a Rússia com 52,5 mil, os Estados Unidos com 31 mil, o Japão com 20 mil e a Alemanha com 12,5 mil.

RÚSSIA
Todos os anos 60 mil pessoas põem um fim às suas vidas na Rússia, onde a taxa de suicídio é a segunda no mundo - são 34,9 por 100 mil habitantes, abaixo somente da Lituânia e leste europeu.

JAPÃO
O Japão tem a mais alta taxa de suicídio do mundo desenvolvido (24,1 por 100.000 habitantes). Geralmente empresários e funcionários, comentem suicídios motivados por escândalos de corrupção ou perda de dignidade na sociedade. No ano de 2008 o suicído entre jovens bateu novo recorde no Japão, tendo alcançado 4.850 mortes. O suicídio é a sexta maior causa de morte no Japão, onde não está associado a um tabu social.

FRANÇA
Em 1996, a França teve 12 000 suicídios por 160 000 tentativas; com 62 milhões de habitantes, esses números representam aproximadamente 19 suicídios por 100 000 habitantes, ou seja, um suicídio por 5 000 pessoas, e uma tentativa por 400 pessoas. A França ocupa o quarto lugar entre os países desenvolvidos. O suicídio é uma causa de morte mais importante que os acidentes rodoviários.

PORTUGAL
Portugal passou de cerca de 500 suicídios por ano, no final da década de 90, para 1200, em 2002, e 1100, no ano seguinte. Um aumento de taxa que ultrapassa os 100% e que está a deixar a comunidade médica apreensiva e na expectativa de se voltar aos anos negros das décadas de 30 e de 80, altura em que o número de suicídios foi sempre em crescendo.

Fonte: Wikipédia. :p

O suicídio é uma situação complexa, que pode envolver distúrbios mentais e emocionais... É difícil conseguirmos estabelecer uma relação de causa-efeito.

Mas achei curioso, o facto de, segundo esta fonte, a maioria dos suicídios no Japão estarem relacionados com a "perda da honra", a descoberta de fraudes. De facto têm uma cultura completamente diferente da nossa. Estou a lembrar-me do Vale e Azevedo, que fez o que fez em Portugal, e vivia à grande em Inglaterra (qual suicídio, qual quê! :p).

E encontrei ainda esta citação algures na net: «O suicídio no Japão possui um caráter peculiar e até cultural. Os samurais suicidavam-se no sangrento ritual do Hara-Kiri. Soldados conhecidos como Kamikazes atiravam-se de avião contra os inimigos. Parece que, para eles, o suicídio não é algo tão abominável como é para os ocidentais. Para eles, tirar a própria vida pode significar honra, valor ou vingança...».

Portanto, não me parece certo inferir que as altas taxas de suicídio estão relacionadas com os altos níveis de stress e exigência no trabalho (pelo menos não como causa-efeito).

Mas também nos países nórdicos, as taxas de suicídio são altíssimas, quando têm um modelo social exemplar. Mas isso parece dever-se a razões bioquímicas. Segundo pesquisei rapidamente, a falta de luz solar (as poucas horas de luz por dia) não permitem produzir serotonina, o neurotransmissor responsável pelo bem-estar...

Ah bendito Portugal, somos pobres, mas felizes! :p Cheios de sol (bem, hoje não... :() e de serotonina...

P.S.: Eu sei que fugi um pouco ao tópico... Sorry!

Retrato de Tsuga
Qui, 23/07/2009 - 00:15
Tsuga:
Membro desde: 16.02.2009

...quando dizes que o suicídio tem a ver com diversos factores. Mas como também referiste, no Japão, grande parte dos suicídios deve-se a questões de honra. Ora, se perdes o trabalho, se não és capaz de prosseguir carreira ou se alguém mais novo e com menos experiência é promovido antes de ti, entre outras coisas, aí podes ver um atentado à honra e a consequente relação causa-efeito.

Retrato de Beauty and the Beast
Qui, 23/07/2009 - 00:29
Beauty and the Beast:
Membro desde: 20.05.2009

... pode ser assim... O que explicaria também a maior incidência nos homens. O chefe da família, o pilar da casa.

Mas eu nunca quis dizer que deveríamos ser radicalmente como eles, mas sim encararmos o trabalho como eles o encaram, o motor que faz crescer o país.

Acho que temos isso de menos. Entendes?

É que ficar em casa com o subsídio de desemprego, porque é mais confortável do que ir trabalhar, certamente que não fará o nosso país crescer...

O comentário relativamente ao Japão surgiu na sequência de alguém ter dito algo deste género, e eu concordei...

Nunca foi minha intenção dissecar culturas, e história, e afins...

Já me consegui fazer entender?

Oh pa... Se calhar não...

Retrato de Catarina Neves
Qui, 23/07/2009 - 00:46
Catarina Neves:
Membro desde: 06.05.2008

Se te servir de alguma coisa, entendi desde o início TUDO o que "quiseste" dizer ;)))))))

E quanto a isto:

Beauty and the Beast wrote: Mas achei curioso, o facto de, segundo esta fonte, a maioria dos suicídios no Japão estarem relacionados com a "perda da honra", a descoberta de fraudes. De facto têm uma cultura completamente diferente da nossa. Estou a lembrar-me do Vale e Azevedo, que fez o que fez em Portugal, e vivia à grande em Inglaterra (qual suicídio, qual quê! :p).

(...)

Ah bendito Portugal, somos pobres, mas felizes! :p Cheios de sol (bem, hoje não... :() e de serotonina...

Eu lembro-me de outros: Oliveira e Costa, Isaltino Morais (ok, inocentes até prova em contrário...llollolll) e ainda Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres, etc etc etc.

;)))

Retrato de Angel83
Qui, 23/07/2009 - 01:52
Angel83:
Membro desde: 24.03.2009

Bem....
Clara 1981 e outras (desculpem, mas agr nao me lembro do nome) :$...
Não estão a precisar de uma Psicologa das Organizações???
Licenciei-me há 2 anos...e só há 9meses consegui um estagio profissional na minha área!(Durante esse ano e pouko licenciada desempregada) fui trabalhando dia apos dia a servir as mesas no restaurante que os meus pais tinham(k era alugado e k agr ja nao o tem pois o senhorio nao kis alugar mais ao fim de 10anos)...
Estive em lisboa 4anos e todos os fins de semana e ferias vinha religiosamente trabalhar para o restaurante...(ajudar os pais...pois foi a educação k tive: se não for eu e o meu irmao a ajudar-mos...kem os vai ajudar? Bem..retomando ao estagio...era de 6meses, prolongaram-mo mais 3meses e agr a empresa entrou em Lay Off... vim para casa(apesar de me terem dito k iria voltar qdo o lay off acabasse)...mas imaginam como ando?
Sempre a pensar: será que me chamam? Será que não?
O estágio é a unica experiencia k tenho na minha área...
Farto-me de responder a anuncios...nem um email de volta eu recebo do tipo:
Agradecemos o envio do seu curriculum, mas não estamos interessados! NADA! Limitam-se a não responder...
Sei k há gente de nariz empinado k pensa: Sou licenciado/a, não estudei para tirar fotocopias! E barbaridades do genero! K só dá vontade de dar estalos...
Mas infelizmente essas pessoas geralmente(as k eu tenho conhecimento), nao lhes falta trabalho, nem bons ordenados! Pk será?
Eu penso k se me prolongaram mais 3meses o estagio é pk gostaram de mim, do meu trabalho, dedicação, pois prometi k iria vestir a camisola dakeles k me dessem oportunidade! Jurei k jamais iria falhar...e o k é certo é k os meus chefes me elogiaram imenso nestes ultimos 9meses...
Tenho uma pekena esperança de voltar...mas e se não voltar?
Gostaria de continuar a estudar, mas ... COMO? Com tantas coisas para pagar...e sem trabalho...como dá para voltar a estudar?

Bem...desculpem o testamento...precisava desabafar!
Resta-me dizer apenas:
As meninas k tem trabalhinho: aproveitem ao maximo
E as restantes meninas...FORÇA!
Nka desistam pk eu vou fazer o mesmo...
Pode ser k algum dia alguem nos reconheça algum mérito
Pensamento positivo!

E se souberem de algum trabalhinho na minha área...avisem, okis?
Bjokinhasssssss

Amo-vos com todas as minhas forças

Retrato de carapim
Qui, 23/07/2009 - 01:58
carapim:
Membro desde: 16.08.2007

Tsuga wrote: Já referi uma vez aqui no fórum que não concordo com a máxima "todo o trabalho é bom".

Eu concordo que um curso superior é uma mais valia em termos pessoais, mas não devemos ser hipócritas ao ponto de dizermos que devemos fazer aquilo que nós gostamos e não pensarmos no que vamos ganhar. Quando escolhemos um curso pode ser apenas por amor à camisola, mas se tentarmos entrar no mercado de trabalho com o coração cheio de ideias e com vontade de trabalhar para construirmos o nosso futuro, cortam-nos logo as bases. Eu tirei o curso que queria, estudei 6 anos, incluindo um ano de estágio académico (que não era mais do que trabalhar como os outros todos sem receber e com um orientador a aconselhar-me) e cheguei ao mercado de trabalho e estive 4 meses a mandar CV's, a bater a todas as portas imaginárias e possíveis. Recebi muitas respostas negativas, muito silêncio e em alguns casos cheguei a ir a entrevistas. Cheguei a recusar propostas de emprego porque o que me ofereciam não cobria sequer as despesas. Ofereciam cerca de 500euros, a recibo verde, a vários quilómetros da minha casa, mas eu teria de ter o meu carro disponível a qualquer altura do dia, com a gasolina paga por mim, trabalhar 8horas por dia de segunda a sexta, alguns fins de semana a algumas noites. Por muita paixão que eu tenha por aquilo que eu faço, este tipo de situação desanima qualquer um. Eu sei de casos de colegas meus a quem nem 500euros foi oferecido!!! Desculpem lá, mas a responsabilidade também se paga. É evidente que eu conheço a situação do país, mas se todos os licenciados exigissem 800 ou 900 euros, já ninguém ofereceria o salário mínimo.

Aqui alguém já referiu os outros países europeus. Eu trabalhei em 3 e posso dizer que em termos de emprego Portugal tem muito que aprender. Trabalhei em Inglaterra; eu sei que o que recebia era o mínimo que se paga a alguém com um curso superior. Posso dizer que não era nenhuma fortuna, mas chegava perfeitamente para pagar a renda da casa, as contas todas e ao fim de alguns meses, para pagar um carro e ir de férias para fora. Até quem recebia o salário mínimo podia ter esses "luxos". Não havia pausa de almoço, é verdade, era preciso trabalhar duro, mas podia-se fazer intervalos para café, para uma sandoxa e afins. Desde que ao fim do dia tudo estivesse pronto, tudo na boa. Trabalho na Irlanda: exactamente o mesmo que na Inglaterra. Trabalhei na Dinamarca: até hoje o país onde mais gostei de estar. Além de salários justos, e apesar de se pagar uma fortuna em impostos, os serviços públicos existem e funcionam. Mas acima de tudo, o que eu gostei em qualquer um dos países, foi o facto de em todos eles nos darem uma oportunidade. Era "nova" no mercado de trabalho, mas deram-me formação, oportunidades de evoluir na carreira e viram o meu curso como uma mais valia. Em Portugal exige-se experiência e motivação e em troca dá-se trabalho a recibos verdes pago com uma tuta meia. Eu continuo a adorar o meu país, mas acho muito triste do lado dos patrões não haver muito incentivo.

Eu concordo que não se deve recusar trabalho por desculpas ridículas como ir de férias ou ficar 1 hora longe do gato, ou por se achar que o salário não é suficientemente milionário, mas um curso superior deve ser valorizado na hora do pagamento, principalmente se for exigido na hora de exercer funções.

=D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D>

Concordo a 1000%. e há aqui 4 coisas que me apraz dizer:

1. pimenta no c* dos outros é refresco;
2. começa-se pela mão, depois pelo braço, e depois vai tudo.
3. as meninas das rp's dão-me a prova de que realmente entrevistas de emprego são a maior treta que existe. é super fácil mentir e manipular as informação que se transmite... o que prova que é super fácil contratar a pessoa errada com base em critérios totalmente subjectivos - a entrevista é, por muito que se queira, absurdamente subjectiva.
4. qualquer formação é relevante desde que bem aplicada. no caso que citei, é mesmo ver como em portugal se é ridículo, ao ponto de dispensar uma pessoa que se quer APROFUNDAR na ÁREA DE TRABALHO da própria empresa. é isso, e assim vamos longe...

Retrato de Tsuga
Qui, 23/07/2009 - 09:28
Tsuga:
Membro desde: 16.02.2009

Beauty and the Beast wrote: ... pode ser assim... O que explicaria também a maior incidência nos homens. O chefe da família, o pilar da casa.

Mas eu nunca quis dizer que deveríamos ser radicalmente como eles, mas sim encararmos o trabalho como eles o encaram, o motor que faz crescer o país.

Acho que temos isso de menos. Entendes?

É que ficar em casa com o subsídio de desemprego, porque é mais confortável do que ir trabalhar, certamente que não fará o nosso país crescer...

O comentário relativamente ao Japão surgiu na sequência de alguém ter dito algo deste género, e eu concordei...

Nunca foi minha intenção dissecar culturas, e história, e afins...

Já me consegui fazer entender?

Oh pa... Se calhar não...

Oh, pá, ontem já era tarde, já estava com sono ;).

Retrato de MarMar
Qui, 23/07/2009 - 09:48
MarMar:
Membro desde: 25.02.2008

E sou a primeira a dizer que é muito subjectivo: o diálogo, a postura, o discurso pré-preparado.
Facilmente somos enganados, criamos uma ilusão que no dia-a-dia se revela uma treta.
À excepção de dois ou três casos que eram séniores, todos aqui na empresa passamos por um estágio profissional, todos. Essa é a 'verdadeira e derradeira entrevista' - palavras do meu CEO.
O epicentro da questão mantém-se e todas concordamos, umas pra ali e outras mais pra aqui.
Confesso que fico desiludida por ver alguém com uma Licenciatura / Mestrado a embrulhar hamburguers no MacDonald's, quando as suas ambições o levariam a um escritório de Advogados, fico revoltada quando vejo um Arquitecto a trabalhar 8h num call-centre, quando as suas aspirações o levariam ao desenho de sonhos.
Viver diariamente com a insatisfação profissional que conduzirá à insatisfação pessoal, temos quase que obrigatoriamente encontrar os pontos positivos. Dê por onde der.
Sorte, sim claro, é preciso.
Tive um professor de Filosofia, salazarista assumido, que nos disse numa aula, já passado dos carretos: 'vocês até comem merda se for preciso, esperem sentadinhos no sofá que vocês vão ver os empregos de sonho a cairem do céu' - ok, não precisamos comer merda mas caramba, não vamos parar, nem viver eternamente em frustração, encontrar outros caminhos, fechar portas e abrir portões.
Tive Inglês muito cedo, criei um fascínio muito grande pela Língua, no 9º ano já dava explicações aos putos lá da rua, até aos meus 18 anos nada faria mais sentido do que ser Prof.de Inglês - agora trabalho em R.H. e Contabilidade, numa empresa de Inovação e Tecnologia, estou a tirar a Licenciatura em Comunicação Empresarial. E continuo de bem com a vida tenho que continuar.

Take care - gostei muito do tópico,
Mar

Retrato de susanamarlon
Qui, 23/07/2009 - 09:52
susanamarlon:
Membro desde: 26.12.2007

Carapim e Tsuga concordo com voçês a 100%!

Só queria acrescentar uma coisa.
Muitas meninas deram o seu exemplo que com muito trabalho se atingem os objectivos. Mostraram-se disponiveis a 100% e preocupadas a 200%.
Muito sinceramente esta não é a unica maneira de abrir portas para novas oportunidades. Voçês tiveram sorte porque o vosso esforço foi reconhecido, porém não é o que acontece na maioria dos casos. Sintam-se priveligiadas por isso.
Não concordo com a posição de muitos licenciados obviamente exagerada e sem nexo. Não se pode exigir uma remuneração de topo de se ainda nem lá chegaram. mas também entendo que não se pode contratar um licenciado para uma vaga de técnico superior e pagar-lhe salário de técnico. De resto, é o que acontece na maioria dos casos. Isto depois tem várias condicionantes. Seja a licenciatura que se tem, o local onde se vive, etc.
No local onde trabalho agora pagam-me como técnica, a função é como tal, a licenciatura nao interessa para nada, pois nem é exigida. Se me importo? nao, precisei de um emprego, de ganhar experiência, excelente! Se vou procurar algo melhor? Claro, parar é morrer!

Retrato de Sucre sur le gâteau
Qui, 23/07/2009 - 10:58
Sucre sur le gâteau:
Membro desde: 04.06.2009

vou deixar a minha opinião.
Mais uma licenciada mas com uma situação diferente, o desconhecimento no mercado de trabalho do curso que tirei...
Não entendo, como é possível dizerem que eu e outros colegas meus de curso não servimos para a função, quando temos os conhecimentos específicos daquela área, só porque o meu curso não é Biologia mas sim Ecologia...
Clara e marmar, o que vos acontece de as pessoas serem de longe para mim já foi um impeditivo para me darem trabalho, como moro em Felgueiras e o trabalho era no Porto, o empregador dizia que não me compensava (€) ir todos os dias para o Porto, que precisavam de alguém de perto, certo era que no fim do mês não ia ter nenhum ou quase nenhum, seria chapa ganha chapa batida, mas ia ter a possibilidade de trabalhar.
Já tive propostas de propostas de trabalho, em que tive de recusar porque aí não me cobriam mesmo as despesas, e não tinha mesmo possibilidade de investir esse dinheiro, uma delas tive mesmo muita, muita pena de não aceitar, e seria uma oportunidade aliciante, mas à comissão e com gastos médios de 400€ mensais era mesmo impossível.

Ao fim de ano e meio sem trabalho, quando se está no desemprego o tempo passa mais depressa, resolvi abraçar uma das minhas grandes paixões a Pastelaria, se não conseguia trabalho à conta de outrém, tive de criar o meus próprio trabalho.
Neste momento faço uma coisa que adoro, que me vejo a fazer isto até à minha velhice.

Surpreendentemente, 2anos após ter enviado uma candidatura espontânea, estou a dar formação na minha área. Mas estou numa situação que me permitiu aceitar este trabalho, ganho por mês menos de 300€, o valor por hora que estão a pagar a mim e aos meus colegas é metade do que corre no mercado. No entanto, demoro 2min a pé a chegar ao trabalho e encontro-me no período de isenção da Segurança social.
Concordo com que diz que se todos não aceitassem estes valores os empregadores teriam de pagar o que é de lei, no entanto, se eu não aceitasse, outro aceitaria...

Beijinho

Retrato de Sucre sur le gâteau
Qui, 23/07/2009 - 11:06
Sucre sur le gâteau:
Membro desde: 04.06.2009

Tudo depende da entidade empregadora, no meu estágio final fiz uma proposta a uma Câmara municipal, apresentei-lhes um projecto aliciante. O município só ia ganhar, e não pedi nada em troca, nada de nada, só para poder fazer o estágio lá, a custo zero, a única coisa que era preciso era um orientador dentro da Câmara, pois bem sabes o que aconteceu? Após vária respostas tipo, "estamos a analisar". Disseram-me, "olhe perdemos o seu cv e a proposta de projecto", isto porque, de certa forma, tive de os encostar à parede porque dali a uma semana tinha de inscrever o estágio na Secretaria da Univ.

Retrato de beatuxa
Qui, 23/07/2009 - 11:16
beatuxa:
Membro desde: 06.04.2008

Olá meninas

Eu ainda não sou licenciada caminho para isso, em principio no proximo ano termino, mas trabalho e estudo pertenço a geração dos 500€ se acho pouco claro que sim mas prefiro estar a ganhar 500€ do que 0€.
Na empresa onde estou sou escrituraria para chegar a esta empresa passei muito desde call center, ate dobrar convites de natal etc, ou seja tudo temporario, não tinha nada haver com a minha area do 12ºano e do nivel IV que tirei mas sujeitei me porque precisava de dinheiro por isso digo nesta altura do campeonato não podemos olhar para o curso como sendo uma salvação porque não é e quanto a valores é frustrante mas temos que nos sujeitar ganhamos pouco paciencia entramos nessa empresa ganhamos experiencia e continuamos a procura de trabalho melhor.
E mais uma coisita não estamos na altura de recusar trabalhos longe de casa como disse um professor a mim quando terminei o 12ºano se não conseguires arranjar nada na area de residencia vai aumentando o teu angulo de pesquisa de empresas de certeza que consegues agora estar em casa sentada que te apareça alguma coisa nunca vais longe.
Bem já escrevi muito desculpem o testamento.

Bjitos

Retrato de Catarina Neves
Qui, 23/07/2009 - 12:20
Catarina Neves:
Membro desde: 06.05.2008

Bolinhos de Amor wrote: Concordo com que diz que se todos não aceitassem estes valores os empregadores teriam de pagar o que é de lei, no entanto, se eu não aceitasse, outro aceitaria...

MAI_NADA! =D> =D> =D>

Como alguém aqui já escreveu... aceitam os brasileiros, os ucranianos... até os médicos espanhóis, que não se recusam a trabalhar no interior do País (ou mesmo fora dos grandes centros urbanos).

Retrato de Tsuga
Qui, 23/07/2009 - 12:25
Tsuga:
Membro desde: 16.02.2009

Se abrir uma vaga em que exijam que eu só saiba ler e escrever e eu concorrer a essa vaga, até posso ter dois doutoramentos, mas acho perfeitamente normal que me paguem pelas qualificações exigidas. Ninguém me pediu mais. O problema é que a maioria dos empregadores exige um curso superior, por vezes mais especializações, e pagam como se nós só tivéssemos a primária. E isto sem nos dar nenhuma segurança para o futuro. Na maioria dos casos, pelo menos na minha área, nem sequer oferecem meia dúzia de meses à experiência e, se tudo correr bem, depois viria um contrato com um salário decente. Se assim fosse, eu até trabalharia de graça durante algum tempo. Mas o que geralmente oferecem é um salário baixíssimo, que na maior parte das vezes nem cobre as despesas, porque dizem que não temos experiência suficiente. Se aceitarmos, e quando realmente ganhamos algum calo e achamos que merecemos algo mais, ala para a rua porque não te vamos aumentar. Simplesmente pomos no teu lugar alguém fresquinho que não se importa de trabalhar pelo preço da uva mijona. Como já disse, fiz estágios de graça, a vários quilómetros de casa, porque achava que tinha alguma coisa a ganhar. Agora estar a encher os bolsos aos patrões só porque sim, isso é quase escravatura.

Isto é que eu acho mal: exigirem-me um curso e pagarem-me como se fosse analfabeta.

Retrato de Catarina Neves
Qui, 23/07/2009 - 12:25
Catarina Neves:
Membro desde: 06.05.2008

... sem querer ofender, peçam a alguém que leia os vossos CV's e Cartas de Apresentação e/ou candidatura.

* Poderá sempre existir um erro aqui ou ali, mesmo que seja de pontuação ou de um espaço a mais entre as palavras;

* Há sempre uma frase que faz todo o sentido para nós (porque sabemos o que queremos dizer), mas torna-se incompreensível para os outros;

* Cuidado com as dedadas nas folhas (nem vos conto como me apareceram alguns CV's..llollol);

Boa sorte

Retrato de Rita C.
Qui, 23/07/2009 - 12:30
Rita C.:
Membro desde: 17.07.2008

olá meninas pensei muito antes de responder a este forum, é que Às vezes dá para o torto!

sou licenciada em egenharia alimentar à 4 anos, dou graças a Deus por estar empregada, porque tenho muitos colegas que nunca arrajaram trabalho na area. com isto tenho "pena" dos pais, que pagaram os estudos dos filhos...fogo um investimento, talvez sem retorno!

eu não queria tirar o curso, tirei pq era um sonho dos meus pais, agradeço eternamente, mas continuo achar que à 10 anos a traz se tivesse ficado pelo 12º, estaria melhor!!!

não posso dizer que ganho mal, ronda os 700€ para 4 anos de experiencia. mas posso vos dizer que comecei com 750€, depois tive um emprego que pagaram 500€ a fazer horas extras a 2.5€.

é tudo muito giro a valorização e demonstrar..mas o mais complicado é qdo te dizem: tens mais 100 pessoas se não estiveres satisfeita, ou se disserem: tomara nós que a empresa não feche.

acho que quem tem emprego é agarrar, pq isto não está nada fácil.

boa luta para todos!! >:D<

Retrato de Tânia B
Qui, 23/07/2009 - 12:31
Tânia B:
Membro desde: 07.02.2007

Andava a pensar se havia de responder a este tópico ou não, decidi-me pelo sim.

Sim, é chato estudar muito tempo, ir depois trabalhar para uma empresa e ganhar o mesmo que uma pessoa que tem o 12ºano, ou ir ganhar 500 ou 600€. Agora a verdade é que muitas vezes essa pessoa que tem o 12º ano sabe mais numa unha do pé do que eu quando saí da faculdade, e ainda hoje, temos sempre de querer aprender.

Vou contar-vos um pouco do meu percurso e da ajuda que acabei por ter dos meus pais a abrirem-me olhos, etc.
Sempre fui uma excelente aluna, e adorava química, investigação, etc, assim sendo os meus pais decidiram deixar-me concorrer para o que gostava, Engenharia Química, por sorte, sim hoje considero a minha maior sorte, não entrei, entraram pessoas à minha frente com médias inferiores. Depois disto reclamei e fiz o que podia para remediar a situação, mas aconselharam-me a concorrer à segunda fase para outros cursos de engenharia e pedir transferencia. Assim fiz, e acabei num curso denominado de "homens", eng.ª electrotécnia,em 100 pessoas, apenas 10 eram mulheres, e existia muito preconceito, mas que gostei.
Antes de terminar o curso já estava à procura de sítios para estagiar e consegui, fui trabalhar sem remuneração para um gabinete de projectos, entretanto acabei o curso e não queriam pagar-me nada mais por já ter o curso, resultado decidi sair de lá.
Comecei a enviar cv's, mas ao mesmo tempo a dar explicações, coisa que odeio, e arranjei uns projectos para ir fazendo, interessava era não ter de pedir dinheiro para as minhas despesas ao meu pai, além de ter sempre mais uma actividade no meu currículo.
Ao fim de um ano arranjei um trabalho, o ordenado era 600€ sujeitos a descontos e tinha de ter disponibilidade para trabalhar no país todo, sem subsídio de deslocação, apenas pagavam as refeições e quarto, nem carro da empresa davam, ía com os electricistas. Nem pensei duas vezes, aceitei, era melhor estar a trabalhar a ganhar uma miséria e a ser explorada, mas o que estava a aprender da minha área era o que ambicionava.
Estive nessa empresa 8 meses, fiquei qualificada como gestora de qualidade, gestora de contrato e gestora de projecto, o que lá aprendi deu-me bases para concorrer a muito mais coisas, além de que estava a tirar o mestrado e formações extra. Os meus pais já me chamavam de hóspede na brincadeira pois sempre me disseram que tinha de lutar para melhorar.
Depois desta empresa concorri para uma boa empresa, a Brisa Auto-estradas, O ordenado foi melhorando, as responsabilidades também.
Depois da Brisa recebi um convite para vir para a Empresa onde estou agora e posso dizer que ganho bem e faço o que gosto, mas o que se ressente é sempre a minha vida pessoal, neste momento devia estar de férias e estou a trabalhar sem saber quando as vou poder gozar.
Quando vim para a Brisa, fazia todos os dias 150 km, vivia em Torres Vedras e entrar em Lx é uma dor de cabeça todos os dias, basicamente saía de casa ás 7 da manhã e entrava à 1h, mas andava feliz da vida.
Agora estou melhor, apenas faço 40km para atravessar Lx de um lado ao outro, mas é como vos digo, sem trabalho, luta e ambição não se vai a lugar nenhum.

Outra coisa que vos digo é isto, é mais fácil arranjar-se um melhor emprego se estivermos já a trabalhar, mesmo que seja por 400€ do que se formos desempregadas, disso tenham a certeza!

Portanto se querem melhor lutem, não fiquem à espera que vos caia à porta emprego, ATENÇÃO que não estou a dizer que alguém daqui o faça.

Tânia B

Retrato de sc26
Qui, 23/07/2009 - 12:48
sc26:
Membro desde: 12.05.2009

olá a todas...
sou mais uma recem licenciada e recebo acualmente 400 euros por mês... ainda estou á espera da aprovação do estagio profissional (IEFP) onde irei receber 928.18€ (salvo erro)....
e estou a receber 400 euros há 6 meses...

é triste, mas também sei que neste momento não está facil em lado nenhum...não posso dizer que faço o que gosto, pela simples razão que neste momento não há trabalho... explicando melhor: sou Arquitecta (estagiaria) e neste momento o mundo da construção está parado, não há projectos a entrar....

De qualquer modo ainda me posso dar por feliz mesmo com os 400 euros, pois na minha profissão para pertencer á ordem é necessario um estagio de 9 meses... e muitos patronos por saberem que necessitamos mesmo do estagio não pagam nada, zero... tenho uma colega assim.... e um outro amigo que esteve 12 meses sem receber um centimo, diziamos que pagava para estagiar pois estava deslocado e para além de almentação transportes, e tudo o resto, ainda tinha de pagar casa por estar numa cidade que não a dele....

só posso dizer: viva os papás... (pelo menos os meus a quem devo tudo)

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