Decisão de ter filhos | A Nossa Vida

Decisão de ter filhos

Retrato de andreisse
26.03.2015 | 13:44
andreisse:
Membro desde: 15.07.2013

Olá a todos Smile

Ultimamente têm-me questionado quando pretendo ter filhos Smile Uma questão normalíssima se não fosse o facto de as pessoas ficarem estupefactas quando refiro que não pretendo ter filhos. Não ter filhos, não deveria ser encarado tão naturalmente como ter filhos? Mais espantada fico quando dizem que isso é um ato de egoísmo... Não será mais egoísmo ter um filho porque A e B querem?! Não será mais egoísmo ter um filho só porque sim e nem ter condições económicas para o ter?! Bem, esse é o meu pensamento. Considero que as pessoas opinam em demasia sobre essa questão quando no fundo quem os tem e quem os sustenta, sou eu e mais ninguém.
É cansativo levar com opiniões acerca disso quando é uma questão pessoal Smile
Bem foi uma espécie de desabafo *


Retrato de Sofia1984
Qui, 26/03/2015 - 14:59
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010

Olá,

claro que é normal as pessoas questionarem e claro que também "é normal" que fiquem chocadas que digas que não queres.
Afinal, vivemos num país católico, onde a religião tomou "posse" de quase tudo o que respeita a valores morais, familiares, etc.
Não sou católica. Tudo o que defendo tiro da minha cabeça, e não daquilo que me querem meter nela.

Quanto a esse assunto, sou sincera: já houve uma altura, com 20-22 anos em que ficava chocada quando um casal dizia que não queria filhos. Era nova e não pensava. E nessa altura limitava-me ao "geral". Ainda anão tinha lido, nem aprendido o suficiente sobre a vida, nem o mundo.

Até que houve uma altura mais pra frente, em que eu disse que não queria ter filhos, também.

Como tinha os motivos errados para ter essa decisão tomada, acabei por querer ter, mais tarde... Smile

Por isso, já passei pelas 3 fases e digo-te:
a meu ver, tendo em conta o que sei hoje, percebo perfeitamente quem não quer ter filhos.

E acho que quem pressiona falhou uma das fases. Ou nunca ponderou não ter e isso pode ser derivado de várias coisas: educação, etc.
ou então não tem filhos, ou se tem teve a vida muito facilitada.
Nenhuma pessoa com filhos, e que tenha tido de deixar o emprego ou não tivesse tido apoio na educação dos pequenos dirá que acha isso incompreensível ou chocante.

Portanto, quando ouvires a opinião dessas pessoas, tem isto bem em conta...

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de csofia_
Qui, 26/03/2015 - 15:21
csofia_:
Membro desde: 19.12.2012

Na vida é importante seguirmos o nosso instinto, porque normalmente ele está certo.
Julgamentos, juizos de valor, críticas de vida, no fundo muitas vezes não são por preocupação, mas sim uma forma de agressão camuflada.
Muitas vezes essas pessoas não estão felizes com a própria vida, e analisarem as imperfeições da vida dos outros, fazem-nas sentir melhores com as suas próprias imperfeições.
Não vale a pena ligar, e sinceramente não vale a pena ter pessoas assim por perto.

Retrato de andreisse
Qui, 26/03/2015 - 15:50
andreisse:
Membro desde: 15.07.2013

Olá,

Sim vocês tem razão. Houve uma fase, na adolescência que gostava de ser mãe, aliás, o gostar, gostava... Só que perante a instabilidade laboral não pretendo ter filhos pois apesar de estar relativamente a algum tempo no meu trabalho (sensivelmente 2 anos, com mais uma renovação pela frente) sei que quando chegar à fase da passagem a efectiva que venho embora (normas). Um filho é um projecto a longo prazo, aliás, para toda a vida... Por isso, não vou dar esse passo nestas condições pois prefiro não ter do que ter e futuramente não ter condições para lhe proporcionar o que merece. O meu modo de pensar não me faz melhor ou pior pessoa, talvez sou racional demais... Mas só teria se me sentisse estável a todos os níveis, como não sinto está fora de questão e não percebo o quão alarmante seja isso independentemente de ser casada.

Retrato de MicaelaS2Filipe
Qui, 26/03/2015 - 18:07
MicaelaS2Filipe:
Membro desde: 31.07.2013

Andreisse, não julgo quem quer ter filhos ou não, cada um com a sua escolha, mas como uma menina disse nós fomos "criados" à sociedade que nos diz que temos de casar e ter filhos. Vivemos a pensar criar família e para muitos é o objetivo da vida. É como pessoas que acham que casar e viver juntos nada tem a ver, à vista do geral viver juntos não se compara ao casamento. Tanto um como outro para mim é indiferente, as pessoas devem é fazer o que nos deixa felizes. É uma opção de cada um onde as pessoas é que devem decidir sem opiniões de terceiros. No fundo tudo que foge um bocado do padrão é alvo de crítica. Uns criticam o não ter filhos, outros criticam por terem filhos a "mais".
Se nem Deus agradou a todos não somos nós que iremos agradar.

Retrato de Faninha
Qui, 26/03/2015 - 18:43
Faninha:
Membro desde: 08.04.2011

Não sei a tua idade mas como te compreendo....
Eu tenho 25 anos e as pessoas ficam boquiabertas quando falo que não quero ter filhos para já. Dizem que já está na hora, que começo a ser velha e bla bla...com 25anos!!!!
Ainda não me deu o click, o meu instinto de mãe ainda não despertou tralvez por ainda ter muitas coisas para fazer antes de ter um filho. Mas caramba, também não me considero velha!! Se acontecesse seria bem vindo claro. Mas por enquanto não queria mesmo.
Detesto quando as pessoas se viram pra mim: e bebés nada???? E pior, quando eu estou com a minha mãe e fingem que eu não estou e perguntam-lhe: a tua filha nao tem filhos??não te dá um neto? E quando se viram para mim e perguntam: tu não dás um neto à tua mãe? ou: estás na hora de dares um neto para a tua mãe tomar conta!!
Fico passada! Respondo logo mal e dizer que se algum dia eu tiver filhos não é pelos outros nem para os outros criarem!
Bem, tenta ter calma mesmo sendo difícil eu sei...se ficam chocadas problema delas- Não são elas que pagam as tuas contas, que vão tomar conta do teu filho ou não são elas que sentem o que sentes.
Sê forte.
Beijinhos

Retrato de omanu
Qui, 26/03/2015 - 18:52
omanu:
Membro desde: 06.04.2013

Como te compreendo, estou na mesma situação que tu... 3 anos de casamento e todos nos perguntam para quando o bebé, alias já chegaram a dizer que não podíamos ter... Quando digo que não pretendo ter, ficam chocados...
Quando era mais nova sonhava ser mãe, adoro crianças, tanto é que sou educadora de infância mas com uma vida instável (nunca sei se no ano seguinte vou ter emprego ou não) não pondero de todo ter filhos, acho uma irresponsabilidade, embora todos digam que tudo se cria desde que haja amor, que temos de pensar positivo (incluindo o meu marido) a realidade é que não é o amor e o positivismo que pagam as contas ao fim do mês...
Ah depois também penso que é tudo muito bonito quando são pequeninos, mas depois já não é bem assim, a partir que temos um filho passamos a viver com o coração na mão, sempre preocupadas se ele esta bem, se é feliz, se come direito, se... se... e não paramos de nos preocupar, vejo pelos meus pais, apesar de já terem todos casados mesmo assim a preocupação mantém-se e manter-se-a para sempre, por isso também não sei se estaria preparada para tal!!!

Retrato de Sofia1984
Qui, 26/03/2015 - 23:50
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010

uma coisa é certa. Compreendo mais que não se queira por questões mesmo pessoais, tipo "não desejar ser mãe" do que por motivos de emprego.

A ironia é que eu também achava que tinha de ter emprego e desempreguei-me precisamente a pensar no bem estar do meu filho. Não estava a conseguir gerir a minha vida a trabalhar as horas que trabalhava, fins de semana inclusive, e a vida familiar reduzida a 2h/dia e sempre a acelerar. Não há harmonia nenhuma. Tudo por causa do dinheiro e da necessidade/dependência dele.

Ter emprego "estável", ou seja, estar efectiva, não deve ser requisito obrigatório, penso eu. Se houver vontade de ser mãe, não deve. É mais acertado juntar o máximo que se puder antes de engravidar, porque até o emprego mais certo junto da mãe com a maior vontade do mundo, pode virar desemprego de um dia para o outro.

Eu embora tenha optado por estar em casa ou apenas trabalhar a part time, chego-me mais para trabalhos "incertos".
Um contrato obriga-me a ser funcionária da empresa, muitas vezes a trabalhar para pessoas que desvalorizam completamente a vida familiar dos colaboradores. Prefiro trabalhar às horas, dou umas horitas aqui e ali, mantenho-me um pouco ocupada, mas tenho tempo para organizar a minha casa/família. Não estou completamente sem receber nada, mas emprego "certo" nunca mais tive...é uma questão de nos irmos desenrascando onde aparecer. E tem funcionado mas ou menos bem connosco.

Vivemos com o essencial e não temos créditos, nem dívidas ao banco.
O nosso miúdo contenta-se com as brincadeiras que podemos ter, desta forma. Não pede brinquedos, só pede para ir passear com ele no fim da creche.E é o melhor investimento que podemos fazer...

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de OrangeBoy
Sex, 27/03/2015 - 08:54
OrangeBoy:
Membro desde: 23.02.2014

E o que é estabilidade? Nós sabemos lá se ao fim de 9 meses vamos ter as mesas condições que pensávamos serem certas.

O maior requisito é estar mentalmente preparado para dedicar tempo à criança.

: ))

Retrato de andreisse
Sex, 27/03/2015 - 13:17
andreisse:
Membro desde: 15.07.2013

Boa tarde Smile

Respeito todas as opiniões Smile

Relativamente à primeira pergunta, tenho 26 anos, acabados de fazer Smile
Quanto à estabilidade laboral acho ser um requisito pois não me acredito que tudo se cria. Eu, considero uma irresponsabilidade engravidar não tendo uma certa estabilidade laboral pois se algum dos pais ficar desempregado, o outro ainda pode conseguir remar, mas se ficam os dois, fica muito complicado se não tiveres qualquer suporte familiar. Também me faz confusão o facto de ser sempre a mulher a abdicar da carreira. Por que motivo não fica o parceiro em casa e a mulher trabalha?! Por muito que se fale de igualdade de género há aspectos que acho que a própria mulher potencia isso, reservando sempre essa opção para ela.
Ainda que actualmente seja mais fácil rescindir com um funcionário efectivo, pelo menos, tens o conforto psicológico em pensar que tiveste um filho pensando que estavas com boas condições, do que teres, por ter. A longo prazo, o próprio parceiro fica frustrado a ter que trabalhar dia e noite para manter um filho e uma mulher que prefere fazer horas, etc. Por muito que seja acordado, ao fim de 10,15 anos, desgasta... Embora muitas mulheres não tenham ambição, quem a tem, também ficará frustrada.

Retrato de Sofia1984
Sex, 27/03/2015 - 14:57
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010
andreisse wrote:

Eu, considero uma irresponsabilidade engravidar não tendo uma certa estabilidade laboral pois se algum dos pais ficar desempregado, o outro ainda pode conseguir remar, mas se ficam os dois, fica muito complicado se não tiveres qualquer suporte familiar.

Engravidar estando desempregado pode sim, ser irresponsabilidade. Mas não engravidar unicamente por se achar que não nos encontramos numa situação de trabalho "certa", e aqui dou completa razão ao user orange boy, não é realista. Nada mesmo. A única vez que eu fui despedida, tratou-se de um despedimento colectivo, de uma empresa onde já trabalhava há 6 anos e estava efectiva à 3. lol
Se eu estiver à espera de estar efectiva para ter um filho, pode bem o tiro sair-me pela culatra e estar na rua bem mais depressa do que previ. E nesse momento, a única coisa que te vai fazer superar essa perda irreparável e manter-te de cabeça erguida, vai ser o facto de teres querido muito o teu filho. Por isso, dê por onde der, terás de te desenrascar...nem que seja a contratos temporários, o importante é ter ganha pão.

andreisse wrote:

Também me faz confusão o facto de ser sempre a mulher a abdicar da carreira. Por que motivo não fica o parceiro em casa e a mulher trabalha?!

Porquê? nem sempre a escolha é baseada no género, sem olhar a mais nada. Se o meu companheiro ganha-se 3€/h e eu 7€, em caso de necessidade era eu que me mantinha a trabalhar. Também porque a minha carreira ainda não podia ser chamada de tal, lol e a dele sim. E graças a esta escolha, ele tem prosperado no emprego e tem conseguido obter promoções, com melhor salário. Eu posso ir trabalhar para onde for, que dificilmente sem ser por conta própria irei ganhar mais que 3€ por hora.

andreisse wrote:

Ainda que actualmente seja mais fácil rescindir com um funcionário efectivo, pelo menos, tens o conforto psicológico em pensar que tiveste um filho pensando que estavas com boas condições, do que teres, por ter.

Não é "ter, por ter". A isso chama-se falha no preservativo. Eu tive porque estava, como o orange boy disse, com "disponibilidade mental". Ou seja, não tinha medo e sabia que estava tranquila financeiramente.
Eu estava pronta para a experiência, tinha vontade... só não tinha o emprego de sonho. Porque boas condições para mim foi poder ter juntado uma poupança contando que poderia ficar sem trabalhar largos meses. Boas condições é saber que regresso ao mercado assim que quiser. Porque trabalhei muito para ser a profissional que sou, no ramo que sou. Ainda que não se ganhe nada de jeito,crio e criei muitas oportunidades.

andreisse wrote:

A longo prazo, o próprio parceiro fica frustrado a ter que trabalhar dia e noite para manter um filho e uma mulher que prefere fazer horas, etc. Por muito que seja acordado, ao fim de 10,15 anos, desgasta...

Sendo muito franca e directa: não sabes do que falas Smile Para começar, 10 15 anos é uma realidade que ainda não conheço...nem me estou a ver durante 10 15 anos sempre na mesma! Deus me livre! lol
A tua visão é só tua, tendo em conta a tua realidade e o mundo como o conheces. As tuas ideologias e perspectivas, não as dos outros. Não podes falar por todos e dizer que um homem fica frustrado por ganhar para sustentar a família.
O meu filho tem 3 anos e pico. Durante estes 3 anos só estive sem emprego durante os seus primeiros 10 meses de vida. A partir daí, trabalhei sempre, em contratos temporários e vários locais.E sabes o que aconteceu ao meu companheiro, a mim e à nossa relação durante estes 3 anos? Só problemas. Ele precisa de tempo ao final do dia para trabalhar mais, e não tinha esse tempo, porque as coisas cá em casa não se fazem sozinhas, nem apareciam feitas. Eu, como trabalhava e muito, exigia isso mesmo. Filho e tarefas é para ambos. Chegava ao fim de semana, dias que ele tinha para descansar, e tinha de passar o fim de semana inteiro sozinho com o filho enquanto eu ia trabalhar também.
Não saíamos, não conseguíamos conversar, o miúdo sentia essa pressão e nada funcionava cá em casa. Ele começou mesmo a ficar insuportável. Ambos tínhamos trabalhos que nos ocupavam 10h por dia. Que tempo sobrava?
Até que chegou um dia que conversamos e, fartos daquela situação, chegamos à conclusão que eu valia mais estando em casa do que fora. Com o salário que tinha e as horas que precisava de trabalhar para o receber, tornou-se óbvio que poderíamos encontrar uma melhor harmonia familiar estando eu ao comando de certas tarefas. Obviamente que se estou em casa para o bem de todos, ele tem de trabalhar para o bem de todos. Isso não me massacra nem um segundo.Ele sabe que precisa disso. Ele sabe quem sem isso não descansa e não progride.
Ao final de 3 meses assim, foi novamente promovido. Resultado, anda mais feliz e recebe melhor também.

agora, quanto a isto:

andreisse wrote:

Embora muitas mulheres não tenham ambição, quem a tem, também ficará frustrada.

é outro filme...claro que eu tenho ambição e planos. Por isso tinha de voltar ao início, onde disse que não me vejo assim durante anos.
Sabemos lá se daqui a 2 ou 3 anos não está ele desempregado e fico eu a dar seguimento aos meus projectos! duas coisas são certas: não podemos elaborar muito os planos. Os nossos planos são feitos a curto médio prazo. Pra nós é a maneira mais assertiva de os fazer, devido ao estado do mercado.
A outra: o meu filho cresce... muda, e com isso a vida também muda. Dedicar-lhe mais tempo agora foi a melhor opção para nós e tenho a certeza de que isto é o melhor para NÓS neste momento. Daqui a 1 ano?! não sei. Nem quero saber...se calhar ele fica desempregado e emigramos! quem sabe?
Agora sentir-me mal pelas opções que tomo? nunca. Só fico mal se não fizer nada e se não tomar decisões. Felizmente, para mim elas são benvindas e uma constante na minha vida.

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de andreisse
Sex, 27/03/2015 - 16:32
andreisse:
Membro desde: 15.07.2013
Sofia1984 wrote:
andreisse wrote:

Eu, considero uma irresponsabilidade engravidar não tendo uma certa estabilidade laboral pois se algum dos pais ficar desempregado, o outro ainda pode conseguir remar, mas se ficam os dois, fica muito complicado se não tiveres qualquer suporte familiar.

Engravidar estando desempregado pode sim, ser irresponsabilidade. Mas não engravidar unicamente por se achar que não nos encontramos numa situação de trabalho "certa", e aqui dou completa razão ao user orange boy, não é realista. Nada mesmo. A única vez que eu fui despedida, tratou-se de um despedimento colectivo, de uma empresa onde já trabalhava há 6 anos e estava efectiva à 3. lol
Se eu estiver à espera de estar efectiva para ter um filho, pode bem o tiro sair-me pela culatra e estar na rua bem mais depressa do que previ. E nesse momento, a única coisa que te vai fazer superar essa perda irreparável e manter-te de cabeça erguida, vai ser o facto de teres querido muito o teu filho. Por isso, dê por onde der, terás de te desenrascar...nem que seja a contratos temporários, o importante é ter ganha pão.

andreisse wrote:

Também me faz confusão o facto de ser sempre a mulher a abdicar da carreira. Por que motivo não fica o parceiro em casa e a mulher trabalha?!

Porquê? nem sempre a escolha é baseada no género, sem olhar a mais nada. Se o meu companheiro ganha-se 3€/h e eu 7€, em caso de necessidade era eu que me mantinha a trabalhar. Também porque a minha carreira ainda não podia ser chamada de tal, lol e a dele sim. E graças a esta escolha, ele tem prosperado no emprego e tem conseguido obter promoções, com melhor salário. Eu posso ir trabalhar para onde for, que dificilmente sem ser por conta própria irei ganhar mais que 3€ por hora.

andreisse wrote:

Ainda que actualmente seja mais fácil rescindir com um funcionário efectivo, pelo menos, tens o conforto psicológico em pensar que tiveste um filho pensando que estavas com boas condições, do que teres, por ter.

Não é "ter, por ter". A isso chama-se falha no preservativo. Eu tive porque estava, como o orange boy disse, com "disponibilidade mental". Ou seja, não tinha medo e sabia que estava tranquila financeiramente.
Eu estava pronta para a experiência, tinha vontade... só não tinha o emprego de sonho. Porque boas condições para mim foi poder ter juntado uma poupança contando que poderia ficar sem trabalhar largos meses. Boas condições é saber que regresso ao mercado assim que quiser. Porque trabalhei muito para ser a profissional que sou, no ramo que sou. Ainda que não se ganhe nada de jeito,crio e criei muitas oportunidades.

andreisse wrote:

A longo prazo, o próprio parceiro fica frustrado a ter que trabalhar dia e noite para manter um filho e uma mulher que prefere fazer horas, etc. Por muito que seja acordado, ao fim de 10,15 anos, desgasta...

Sendo muito franca e directa: não sabes do que falas Smile Para começar, 10 15 anos é uma realidade que ainda não conheço...nem me estou a ver durante 10 15 anos sempre na mesma! Deus me livre! lol
A tua visão é só tua, tendo em conta a tua realidade e o mundo como o conheces. As tuas ideologias e perspectivas, não as dos outros. Não podes falar por todos e dizer que um homem fica frustrado por ganhar para sustentar a família.
O meu filho tem 3 anos e pico. Durante estes 3 anos só estive sem emprego durante os seus primeiros 10 meses de vida. A partir daí, trabalhei sempre, em contratos temporários e vários locais.E sabes o que aconteceu ao meu companheiro, a mim e à nossa relação durante estes 3 anos? Só problemas. Ele precisa de tempo ao final do dia para trabalhar mais, e não tinha esse tempo, porque as coisas cá em casa não se fazem sozinhas, nem apareciam feitas. Eu, como trabalhava e muito, exigia isso mesmo. Filho e tarefas é para ambos. Chegava ao fim de semana, dias que ele tinha para descansar, e tinha de passar o fim de semana inteiro sozinho com o filho enquanto eu ia trabalhar também.
Não saíamos, não conseguíamos conversar, o miúdo sentia essa pressão e nada funcionava cá em casa. Ele começou mesmo a ficar insuportável. Ambos tínhamos trabalhos que nos ocupavam 10h por dia. Que tempo sobrava?
Até que chegou um dia que conversamos e, fartos daquela situação, chegamos à conclusão que eu valia mais estando em casa do que fora. Com o salário que tinha e as horas que precisava de trabalhar para o receber, tornou-se óbvio que poderíamos encontrar uma melhor harmonia familiar estando eu ao comando de certas tarefas. Obviamente que se estou em casa para o bem de todos, ele tem de trabalhar para o bem de todos. Isso não me massacra nem um segundo.Ele sabe que precisa disso. Ele sabe quem sem isso não descansa e não progride.
Ao final de 3 meses assim, foi novamente promovido. Resultado, anda mais feliz e recebe melhor também.

agora, quanto a isto:

andreisse wrote:

Embora muitas mulheres não tenham ambição, quem a tem, também ficará frustrada.

é outro filme...claro que eu tenho ambição e planos. Por isso tinha de voltar ao início, onde disse que não me vejo assim durante anos.
Sabemos lá se daqui a 2 ou 3 anos não está ele desempregado e fico eu a dar seguimento aos meus projectos! duas coisas são certas: não podemos elaborar muito os planos. Os nossos planos são feitos a curto médio prazo. Pra nós é a maneira mais assertiva de os fazer, devido ao estado do mercado.
A outra: o meu filho cresce... muda, e com isso a vida também muda. Dedicar-lhe mais tempo agora foi a melhor opção para nós e tenho a certeza de que isto é o melhor para NÓS neste momento. Daqui a 1 ano?! não sei. Nem quero saber...se calhar ele fica desempregado e emigramos! quem sabe?
Agora sentir-me mal pelas opções que tomo? nunca. Só fico mal se não fizer nada e se não tomar decisões. Felizmente, para mim elas são benvindas e uma constante na minha vida.

Não fiz uma crítica dirigida a ninguém em específico é a minha opinião. E é a forma como encaro e decidirei para mim. O modo como as pessoas engravidam e as circunstâncias em que fazem apenas a ela lhes diz respeito Wink

Retrato de Sofia1984
Sex, 27/03/2015 - 16:52
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010

eu sei que sim e também não ou ninguém pra te dizer que estás errada. Nem sequer posso falar em estatísticas lol porque não as tenho.
Mas sei que o que temos por certo hoje, amanhã poderá ser cancelado, trocado por uma alternativa, porque a vida não é uma linha recta.

Quanto à questão da maternidade, como em tudo na vida, ou se está para aí virado, ou não está. E o que penso é que quando se está, sim...tudo se resolve. Estamos mais aptos a gerir as dificuldades quando optamos deliberadamente por determinado caminho, ao contrário de quando esse nos é imposto (p. ex. , gravidezes não planeadas). MAs se pensarmos é como tudo...as crianças por exemplo, nunca se cansam de brincar porque é uma coisa que lhes dá prazer. Já os adultos, ao fim de uma hora (supondo) não conseguem acompanhar, porque não querem fazer aquilo.
Estaria a mentir se dissesse que a vida é a mesma coisa. Nunca mais é a mesma coisa. A questão é conseguir adaptar-se, tendo em conta que as coisas mudam, e -lá está- o que planeei para mim ontem, hoje já não serve. Se conseguir ver isso pelo lado positivo, óptimo. Se encarar que o mundo me saiu debaixo dos pés, vem o arrependimento e o mau aconselhamento.

É como aquela célebre deixa, das pedras no caminho.
Nós até podemos ter a melhor das intenções ao formularmos as nossas teorias. Mas uma vez que tomamos decisões, outro ramo nasce da árvore.

Para se tomar uma decisão tão importante, tudo e nós tem de dizer que sim.
Por isso entendo-te.

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de andreisse
Sex, 27/03/2015 - 17:55
andreisse:
Membro desde: 15.07.2013

Assim como eu te entendo...

Sei que a procura por uma estabilidade laboral pode levar tempo, tempo que muitas vezes, algumas pessoas, não querem esperar. Também não coloco a efectividade como o requisito (embora fosse, o melhor) porque tenho consciência que actualmente é bastante difícil ficarmos com um contrato sem termo. No teu caso Sofia, tiveste a preocupação em criar um pé de meia e decidiste o que foi melhor para ti/tua família, nada contra (até porque não sou ninguém para estar contra ou a favor de uma opção pessoal) mas tiveste preocupação em criar algumas bases. Quando me refiro à procura de estabilidade é no sentido de o casal ter um emprego mais ou menos estável (pelo menos com alguma margem de tempo e caso fique desempregado já tenha direito ao subsídio de desemprego, pelo menos é uma salvaguarda) pois a vinda de um bebé acarreta imensos custos e não acho justo massacrar os pais para nos ajudar por uma opção nossa (mesmo sabendo que existem imensos pais, os meus inclusive, que isso até seria motivo de felicidade).
A questão de ser a mulher a abandonar o trabalho faz-me confusão (mas não crítico) é pelo facto de geralmente os homens progredirem nas carreiras e a mulher opta por assim não o fazer, acabando, muitas vezes, por ficar sujeita a contratos temporários que em caso de ruptura da relação, poderia ser difícil para a mãe. Mas percebo os motivos pelos quais tantas mulheres optam por isso e compreendo que entre a estabilidade familiar e a família, optam pela segunda.Mas sinto que se fala tanto de igualdade de género e a mulher deliberadamente acaba sempre por se anular. Mas não crítico quem o faça e compreendo e se isso a faz feliz, apoio Smile
Por isso Sofia, se te sentes feliz com tuas escolhas, eu fico feliz por ti Smile Pois muito do que decidimos advêm da nossa maneira de ver o mundo, que é única.

Retrato de csofia_
Sáb, 28/03/2015 - 12:43
csofia_:
Membro desde: 19.12.2012

Eu conheço muita gente adepta de ter os filhos e depois "logo se vê". Não devia ser bem assim, porque é obvio que as crianças também sofrem se depois acabam por não ver os pais enquanto estão a crescer..

E também há muita gente do "logo se vê" que tem possibilidades para ficar em casa, se for preciso, ou tem uma estrutura familiar que apoie em caso de aperto. Nem toda gente tem isso.

É obvio que as condições do país não vão melhorar a curto prazo e que por isso seja melhor esperar, mas é sensato fazer um bom pé de meia antes de ter uma criança, porque contratos de trabalho começam e acabam.

Eu vou ser honesta, eu ia ter muitos problemas em deixar de ter rendimentos e ficar dependente de algum familiar/companheiro. Aliás, nem me consigo imaginar dependente, a menos claro que fique com alguma deficiência física.. Isso sempre foi uma ideia que tive desde criança porque a minha mãe e avó também nunca foram dependentes de ninguém, e quase todas as minhas vizinhas trabalhavam e tinham bons empregos. As vezes a nossa forma de pensar depende muito do ambiente em que crescemos. Para mim não é normal um dos elementos do casal ficar em casa, e não ía gostar de "passar" essa ideia aos meus filhos.

Retrato de Sofia1984
Seg, 30/03/2015 - 12:23
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010
andreisse wrote:

Por isso Sofia, se te sentes feliz com tuas escolhas, eu fico feliz por ti Smile Pois muito do que decidimos advêm da nossa maneira de ver o mundo, que é única.

Sim, sinto! nem sempre foi assim...no inicio de vida do meu filho custou-me muito estar aqueles primeiros meses parada, sem trabalho. Foi uma mudança RADICAL de vida. Até então, sempre trabalhei, custou-me muito...pensava exactamente como já aqui foi relatado.
"Não quero estar em casa, sentir-me inútil e não ganhar dinheiro".
Por isso, assim que me foi possível agarrei-me de novo ao trabalho, trazia dinheiro para casa...trabalhava 10h e andava exausta, discutíamos, não tínhamos tempo para nada.
As coisas não funcionavam, porque ambos passávamos muitas horas fora.
O meu filho estava na creche, andava sempre doente, ora dos ouvidos,ora com febre, ora com vómitos. Nós não tínhamos tempo para cuidar dele, dar-lhe a felicidade que uma criança precisa.Não estávamos mentalmente disponíveis para ele, ao fim de tantas horas de stress + trânsito!

Resolvemos por isso abdicar do dinheiro de um emprego a full time, passei para part time e sinto-me feliz assim.

O meu filho agora sai cedo da creche, passeio um pouco ao final da tarde, enfim...passo mais tempo com ele, ele ajuda-me a fazer certas tarefas e temos tempo para brincar.
Como já tenho a casa organizada sobra bastante tempo a dois, quando o meu companheiro chega do trabalho conversamos, jantamos mais nas calmas.
Vamos mais cedo dormir e andamos mais bem dispostos.
Ganhamos menos dinheiro. Ganhamos em qualidade de vida!

A diferença de agora para o início da minha vida de mãe é que agora já não passo o tempo frustrada por não ter optado pelo trabalho, sei que fiz o que tava certo e não me arrependo.
Primeiro, porque o meu filho não será sempre pequenino e dependente. Tenho tempo e ainda sou muito nova! Se o mundo acabar amanhã, morro feliz. Nesta idade, o mundo dele cinge-se aos pais!
Segundo: o dinheiro traz conforto material, mas nada paga os momentos que ganhamos ao trocar o salário pela educação/criação das nossas crianças.
Se não podemos nem devemos fazer crianças para serem criadas pelos avós, então temos de saber lidar com a presença delas e a necessidade que elas têm de estar connosco. E se isso significar abdicar da "carreira", então não há porque não o fazer.
O orgulho de querer ganhar dinheiro, ser parte do sustento familiar para "não me anular" a troco de uns escassos 10 minutos de brincadeira por dia, deprime-me mais do que olhar para a minha conta bancária Smile
Não tenho qualquer problema nem sentimento de inferioridade em relação a estar a trabalhar a part time. Aliás, considero mesmo um grande motivo de orgulho ter escolhido abdicar momentaneamente de mim para ser mãe, educar e cuidar coisa que hoje em dia é difícil alguém desejar. Isto não me anulou, isto foi resultado de um grande amadurecimento. Se um dia, como falaste, isto resultar numa situação indesejável, para mim, chega-me saber que fiz o que estava certo.
O meu trabalho é, neste momento, potenciar a harmonia na minha família. Os outros, família, vizinhos...não têm que gostar, nem muito menos aprovar. Considero um trabalho "nobre" Smile A minha relação e a nossa com o miúdo mudou muito.
O meu trabalho foi e é , inclusive, facilitar a vida ao meu companheiro, que estava em posição de poder progredir e que ganha para os três. A minha vida também sai facilitada, porque a conta é dos dois.

Consigo e faço por manter uma relação saudável com aqueles que conhecem o meu trabalho, a par disto tudo. E saio, vou onde tiver que ir, estudo, procuro formação, converso com pessoas. Planeio o meu futuro...

Porque um dia, também vou querer regressar! Smile um dia, o que vamos achar melhor fazer é eu regressar.
Até lá, não consigo arrepender-me um só dia de ter desejado optar por estar na situação que estou.
Ás vezes em questões de carreira, temos de dar um passo atrás, para dar mais 3 em frente! Se for por uma excelente causa, melhor!!

Boa sorte a todas as mães trabalhadoras!

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de csofia_
Seg, 30/03/2015 - 12:49
csofia_:
Membro desde: 19.12.2012

Só para clarificar algumas coisas no tópico... obvio que uma pessoa ganhar o seu próprio dinheiro é importante, não estar dependente também, mas há outros pontos.... Há pais (e mães) que são o sustento da casa e *não* se podem dar ao luxo de se despedirem. Eu ía achar-me egoísta se tivesse oportunidade de trabalhar mas ficasse em casa, e pusesse a "corda" ao pescoço do meu companheiro. Porque é uma enorme pressão uma pessoa não se poder despedir.

As vezes querermos trabalhar (mesmo quando não é preciso) é um sinal de consideração pelo nosso companheiro.

Apesar de ser completamente natural uma mãe ficar em casa com os filhos quando são bebés (faz imenso bem às crianças) é importante voltar ao mercado de trabalho...

Retrato de Sofia1984
Seg, 30/03/2015 - 13:00
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010
csofia_ wrote:

Só para clarificar algumas coisas no tópico... obvio que uma pessoa ganhar o seu próprio dinheiro é importante, não estar dependente também, mas há outros pontos.... Há pais (e mães) que são o sustento da casa e *não* se podem dar ao luxo de se despedirem. Eu ía achar-me egoísta se tivesse oportunidade de trabalhar mas ficasse em casa, e pusesse a "corda" ao pescoço do meu companheiro. Porque é uma enorme pressão uma pessoa não se poder despedir.

As vezes querermos trabalhar (mesmo quando não é preciso) é um sinal de consideração pelo nosso companheiro.

Apesar de ser completamente natural uma mãe ficar em casa com os filhos quando são bebés (faz imenso bem às crianças) é importante voltar ao mercado de trabalho...

Se isso for feito à toa só porque alguém decidiu que assim era melhor,até pode trazer bastantes problemas para o casal. Isso é desistir e nunca vi isso com bons olhos.
Cá em casa nenhuma decisão é tomada de forma unilateral.

Para mim, quando trabalhar for um sinal de consideração mais para o meu companheiro do que para mim mesma, ou para a família em si aí sim...posso dizer que me anulei. Sobretudo se ambos concordamos que entre ganhar mais ou cuidar mais, é preferível a segunda.

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de Sofia1984
Seg, 30/03/2015 - 13:21
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010

Só para complementar o raciocínio:

Parece-me mais do que justo um homem dever aceitar o preço de ter de trabalhar para a família quando não está disponível para colaborar nos deveres da casa e das tarefas inerentes à presença dos filhos na vida.
Chegar a casa do emprego, cozinhar, tratar das roupas, dar banho aos miúdos, dar-lhes de comer , arrumar a cozinha...nos fins de semana aspirar, limpar o pó...se é só uma das pessoas fazer estas tarefas, porque não há-de a outra parte trabalhar para sustentar todos?

Considerar um homem trabalhar para sustentar a família injusto, admite achar-se também injusto que a mulher ou o homem faça sozinho/a praticamente todas as tarefas.
Quando não há entendimento nesta questão, qual é a lógica na resolução da situação?
é mostrar à outra pessoa que o trabalho em casa custa a ser feito, e que criar os filhos é trabalho.
Tudo isto tem um custo.

O que mais vou vendo são pessoas sem filhos ou que criaram os filhos graças à ajuda de terceiros criticarem este modelo de vida. Mas como eu disse, não é suposto agradar à família ou aos vizinhos. É suposto fazer feliz quem tem que fazer.

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de andreisse
Seg, 30/03/2015 - 13:58
andreisse:
Membro desde: 15.07.2013

Um dos cernes da questão que apontei é que as mulheres assumem para elas a obrigação de cuidar da casa e dos filhos quando não deveria ser. Daí cada vez mais considerar que a mulher reclama tanto da desigualdade de géneros e acaba por ser ela a reproduzir isso. Fico escandalizada quando ouço comentários do género: Ele aspirou a casa, estou tão feliz! Mas isso é motivo de tanta felicidade? Um comportamento que ele deveria ter obrigação de ter... Em termos de carreira também já vi muitas mulheres a abdicarem da mesma em função dos filhos e depois queixavam-se imenso da desigualdade de género... Mas prejudicar-se profissionalmente foi uma opção delas... Não havia de se queixar... Claro que existe desigualdade de género potenciada pela visão machista da sociedade e entidade patronal assim como a legislação laboral que favorece isso... Mas cada vez mais considero que a mulher é a grande culpada. Facilmente se ouve mulheres a queixarem-se de ter uma dupla jornada que estão cansadas de ser a Super Mulher mas ninguém as obriga a isso... Se o são é porque adoptaram esse comportamento devem viver com ele.
Sofia não acho a escolha da carreira Vs Filho uma questão de amadurecimento mas sim uma escolha pessoal. Tu decidiste ter um part-time porque isso melhorou a tua relação com o companheiro e filho e permite-te ter mais tempo para as tarefas domésticas mas se pensares unicamente em ti como ser social e profissional, anulaste-te. Percebes? Não digo que uma opção seja melhor do que outra mas é importante termos essa consciência.
Claro que a vida não é estática e por isso as opções que tomaste no passado, futuramente podes corrigir mas quando se tomam essas opções, individualmente a pessoa esquece-se de si.
É a minha opinião Smile

Retrato de Sofia1984
Seg, 30/03/2015 - 14:25
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010
andreisse wrote:

se pensares unicamente em ti como ser social e profissional, anulaste-te.

Porquê?

Smile

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de csofia_
Seg, 30/03/2015 - 14:44
csofia_:
Membro desde: 19.12.2012

andreisse wrote: Um dos cernes da questão que apontei é que as mulheres assumem para elas a obrigação de cuidar da casa e dos filhos quando não deveria ser. Daí cada vez mais considerar que a mulher reclama tanto da desigualdade de géneros e acaba por ser ela a reproduzir isso.

Concordo, especialmente com esta parte.
No entanto uma coisa que tenho observado é que muitas vezes as pessoas replicam os exemplos da sua infância: uma pessoa que cresceu a ver a mãe a ficar em casa como doméstica, é natural que ache isso normal e até defenda essa posição.
Claro que isto tem a sua visão romântica... mas também tem um lado não tão romântico: não podemos passar ambição aos nossos filhos se nós próprios não temos ambição.... não podemos passar a vontade de independência às crianças se nós próprias não a temos... As crianças aprendem muito mais com o nosso exemplo, do que com as coisas que dizemos.

E sim, para além disto tudo, também acho que é sinal de consideração por um companheiro uma mulher trabalhar mesmo quando podia estar em casa.
Infelizmente sei o que é estar com a corda ao pescoço, querer-mo-nos despedir porque o trabalho não é satisfatório mas não podermos porque mais pessoas dependem do nosso salário. É uma pressão enorme em cima de uma pessoa, não se poder despedir e procurar outro trabalho. Se ambos os elementos de um casal trabalharem, é diferente, porque se um se despedir temporariamente o outro segura o barco.

Mais uma vez é completamente compreensível uma mãe ficar em casa quando os filhos são bebés (e saudável para as crianças também)... mas é importante voltar ao mercado de trabalho.
É a minha opinião, claro, e como já disse às vezes a nossa forma de ver estas coisas já vem influenciada desde a infância.

Retrato de Sofia1984
Seg, 30/03/2015 - 15:27
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010

Também deve haver mulheres que pensam que entre ela e o marido quem tem de ficar em casa em caso de dúvida, é ela. Nunca compreendi essa postura, associando-a apenas à existência de um par de cromossomas X! lol

Da mesma forma, não compreendo como é que mulheres do nosso século, contra a divisão de géneros, contra a separação de funções em função do género, se colocam em posição de forçosa igualdade do mesmo prejudicando muitas vezes o seu papel ou vontade reprodutiva, e como se anulam como mães em prol do salário e da progressão...tudo em nome da igualdade de género, claro. Muitas vezes para provar a nós mesmas que somos tão capazes como qualquer outra, ou qualquer outro( aqui reside a questão, aparentemente), não conseguimos resistir à tentação de continuar em competição com os nossos pares, no trabalho. Tudo por uma mais nobre e sedenta de atenção carreira profissional.

Eu só sou a favor da igualdade de géneros, na temática onde isto tem de ser equitativo.
Dar aos homens e às mulheres iguais oportunidades e iguais salários para a mesma função.
No papel de pai e mãe houve há e vai sempre haver questões ligadas à genética, a factores biológicos e evolutivos. É a biologia em contraste com o racionalismo.

A mulher, a MÃE nunca há-de ter o mesmo papel do pai. A mãe representa carinho, aconchego, ternura. O pai representa força, educação, conforto.
Mais pessoas metessem isto nas suas cabeças, menos se confundiria a temática da igualdade de géneros em questões tão basilares da vida como a maternidade/paternidade.

Quando se toma uma decisão assim, já se tem na cabeça outras variáveis que várias pessoas não contabilizam, porque lhes falta o verdadeiro motivo.

Pai e mãe falam, não apenas marido e mulher, para chegarem a um entendimento no que respeita assuntos familiares: não apenas do casal.

Não é por eu ter sido criada com a ajuda da minha avó que tenho forçosamente de aceitar isso como uma opção para mim, para eu ter uma carreira.
E também tenho a certeza que estes meses a meio gás vão dar muitos frutos.
Mas...quem não vive a minha vida dela pouco poderá perceber.

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de csofia_
Seg, 30/03/2015 - 18:31
csofia_:
Membro desde: 19.12.2012

Sofia, há coisas que diz que concordo e outras que não têm muito a ver.
Uma delas é falar em genética.... quando que nós, mulheres, temos traços genéticos que revelam que no passado recolhíamos comida para as crias (plantas comestíveis, coisas presentes na flora local). Por isso, falar em genética no fundo é um argumento contra a mãe ficar em casa, porque na antiguidade as fêmeas providenciavam comida para as crias. Claro que se quiser não acreditar ou brincar, pode faze-lo, mas vejo nisto uma analogia entre as mulheres de hoje em dia irem trabalhar e entrarem num super-mercado com o dinheiro desse trabalho para comprar comida para os filhos.

Depois, eu já passei pela experiência de terceiros estarem a contar com o meu salário.. e não me poder despedir porque sabia que estavam a contar com o dinheiro. Não é fácil. Principalmente quando esse trabalho se torna insatisfatório. É completamente diferente de estarem 2 elementos de um casal a trabalhar, em que um se pode despedir temporariamente e o outro segura as coisas. Quem nunca passou por esta experiência (ser o único a trazer dinheiro para casa) dificilmente vai compreender.

Terceiro, há mulheres que acham que vieram ao mundo para serem mães. E esposas. Há outras que têm esses papéis e têm mais. E não há problema nenhum em terem mais papéis... desde que tenham satisfação e se sintam realizadas pessoalmente com os seus trabalhos.

Retrato de Sofia1984
Seg, 30/03/2015 - 21:30
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010
csofia_ wrote:

Sofia, há coisas que diz que concordo e outras que não têm muito a ver.
Uma delas é falar em genética.... quando que nós, mulheres, temos traços genéticos que revelam que no passado recolhíamos comida para as crias (plantas comestíveis, coisas presentes na flora local). Por isso, falar em genética no fundo é um argumento contra a mãe ficar em casa, porque na antiguidade as fêmeas providenciavam comida para as crias. Claro que se quiser não acreditar ou brincar, pode faze-lo, mas vejo nisto uma analogia entre as mulheres de hoje em dia irem trabalhar e entrarem num super-mercado com o dinheiro desse trabalho para comprar comida para os filhos.

A analogia pode não ser a mais correcta, uma vez que o dinheiro nem sempre existiu, portanto a natureza neste caso pode ser simplesmente dar-lhe o que o dinheiro não pode pagar.

csofia_ wrote:

Depois, eu já passei pela experiência de terceiros estarem a contar com o meu salário.. e não me poder despedir porque sabia que estavam a contar com o dinheiro. Não é fácil. Principalmente quando esse trabalho se torna insatisfatório. É completamente diferente de estarem 2 elementos de um casal a trabalhar, em que um se pode despedir temporariamente e o outro segura as coisas. Quem nunca passou por esta experiência (ser o único a trazer dinheiro para casa) dificilmente vai compreender.

Há certamente pessoas que só vão entender uma e outra versão quando passarem por lá...garantidamente nunca tive nessa situação de ter terceiros a depender do meu salário. Nem o meu filho depende do meu salário. Por esse motivo, por ser dispensável é que fizemos esta opção.
Além do mais, a situação cá em casa é precisamente a oposta: alguém que precisa de tempo, neste momento, para se dedicar ao trabalho e devido ao trabalho de horas excessivas da outra parte, nenhum de nós consegue chegar mais longe. Andávamos ambos exaustos. Ele tinha grandes chances de progredir caso tivesse tempo disponível, eu não. O meu trabalho só será igualmente proveitoso, no ramo que é, se eu abrir o meu espaço.
Este período de menos trabalho por conta de outrém está a ser enormemente proveitoso para eu definir ideias e fazer algum estudo.
Tudo está assegurado, ninguém anda infeliz. E como eu já disse anteriormente, foi graças a estas decisões que ele voltou a conseguir uma promoção.

Não achas que um pouco dessa promoção pode estar relacionada com a disponibilidade mental dele? e sendo assim não me devo sentir "parte" disso? Claro que sinto.Ele faz algo que adora, teve uma boa oportunidade e para a agarrar precisou de alguém que o libertasse da pressão a que estava sujeito quando chegávamos os dois a horas indecentes, precisou que abrandasse eu o ritmo por forma a eu não estar a trabalhar em horários a sair às 22h, inclusive fins de semana, e ele ter que estar a tomar conta do filho, fazer refeições, etc. Ele não queria isso.
Portanto teve de assumir a minha "perda".

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de andreisse
Ter, 31/03/2015 - 09:30
andreisse:
Membro desde: 15.07.2013

Sofia, se isso te faz feliz, nós não somos nada para colocar isso em causa Mas o facto é que abdicaste tu para ele progredir na carreira... Quanto ao que falaste em termos de papéis de pai e mãe não concordo. Muito provavelmente devido à educação e escolaridade que tive. Tanto o meu pai como a minha mãe deram o mesmo grau de amor, carinho, educação, disciplina e cuidado. Nenhum deles abdicou de seu emprego nem progressão em prol do outro. Se ambos decidiram ter-me sabiam que tinham que lidar com isso e os dois ajustarem-se. Ser apenas um para que o outro tenha disponibilidade mental para progredir, acho isso injusto. Muitas vezes meu pai levou-me ao médico quando eu estava doente, tratou de mim vezes sem fim, quando geralmente, segundo a tua lógica, seria um papel de mãe.
Eu não discordo da tua opção só acho que em caso de ruptura da vossa relação ele está bem porque até foi promovido e tu não estarás tão bem porque um part-time não te permite viver sem teres que recorrer a ajuda... E em termos de CV não é tão valorizado, etc. Como disse, acho abdicaste de ti, por ele. Se fizeste bem ou não só tu saberás

Retrato de Sofia1984
Ter, 31/03/2015 - 11:52
Sofia1984:
Membro desde: 29.05.2010
andreisse wrote:

Sofia, se isso te faz feliz, nós não somos nada para colocar isso em causa Smile Mas o facto é que abdicaste tu para ele progredir na carreira... Quanto ao que falaste em termos de papéis de pai e mãe não concordo. Muito provavelmente devido à educação e escolaridade que tive. Tanto o meu pai como a minha mãe deram o mesmo grau de amor, carinho, educação, disciplina e cuidado. Nenhum deles abdicou de seu emprego nem progressão em prol do outro. Se ambos decidiram ter-me sabiam que tinham que lidar com isso e os dois ajustarem-se. Ser apenas um para que o outro tenha disponibilidade mental para progredir, acho isso injusto. Muitas vezes meu pai levou-me ao médico quando eu estava doente, tratou de mim vezes sem fim, quando geralmente, segundo a tua lógica, seria um papel de mãe.
Eu não discordo da tua opção só acho que em caso de ruptura da vossa relação ele está bem porque até foi promovido e tu não estarás tão bem porque um part-time não te permite viver sem teres que recorrer a ajuda... E em termos de CV não é tão valorizado, etc. Como disse, acho abdicaste de ti, por ele. Se fizeste bem ou não só tu saberás :)

Tens razão quanto à minha desvantagem, sem dúvida. Já seria um bom motivo para eu o fazer casar comigo em comunhão de bens, assim seria tudo dos dois lol
Já quanto ao meu currículo, ele apenas apresenta um buraco, em 16 anos de trabalho. 10 meses que coincidem com o tempo seguido ao parto. Não me sinto rigorosamente nada em desvantagem, bem pelo contrário, ao que vou vendo.
O feedback que tenho das pessoas com quem vou trabalhando...são algumas chamadas caídas do nada quando já não posso ajudar, por estar noutro lado.
Simplesmente escolho o que é mais vantajoso, tendo em conta tudo o resto. Foi para isto que me preparei desde sempre. Para ser prestável ao ponto de me quererem ali. Trabalho nunca foi, para mim, um problema.

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso."
( Joseph Joubert )

Retrato de csofia_
Ter, 31/03/2015 - 15:39
csofia_:
Membro desde: 19.12.2012

andreisse wrote: Sofia, se isso te faz feliz, nós não somos nada para colocar isso em causa Mas o facto é que abdicaste tu para ele progredir na carreira... Quanto ao que falaste em termos de papéis de pai e mãe não concordo. Muito provavelmente devido à educação e escolaridade que tive. Tanto o meu pai como a minha mãe deram o mesmo grau de amor, carinho, educação, disciplina e cuidado. Nenhum deles abdicou de seu emprego nem progressão em prol do outro. Se ambos decidiram ter-me sabiam que tinham que lidar com isso e os dois ajustarem-se. Ser apenas um para que o outro tenha disponibilidade mental para progredir, acho isso injusto. Muitas vezes meu pai levou-me ao médico quando eu estava doente, tratou de mim vezes sem fim, quando geralmente, segundo a tua lógica, seria um papel de mãe.
Eu não discordo da tua opção só acho que em caso de ruptura da vossa relação ele está bem porque até foi promovido e tu não estarás tão bem porque um part-time não te permite viver sem teres que recorrer a ajuda... E em termos de CV não é tão valorizado, etc. Como disse, acho abdicaste de ti, por ele. Se fizeste bem ou não só tu saberás

Concordo. O meu pai também me deu as mesmas proporções de amor e carinho que a minha mãe. E também nenhum teve de abdicar de nada.
Há aqui coisas que não fazem muito sentido..

Retrato de SaraFerraz
Ter, 31/03/2015 - 16:53
SaraFerraz:
Membro desde: 01.02.2012

Olá Andreisse Smile Posso perguntar a sua idade? Eu tenho 26 anos, sou agnóstica, vivo junto com o namorado e pretendo ter filhos. Sempre achei ser "o papel da minha vida". Sinceramente, não me sinto preparada já já, mas temos pensado mais em ter filhos. Percebo perfeitamente quem não os tem, ou seja, a categoria onde eu pertenço Grin Entendo a sua decisão, mas já reflectiu se um dia olha para trás e se arrepende dessa decisão? eu já pensei nisso. Por vezes as pessoas adiam e um dia acordam, olham para trás e já não vão a tempo, e por vezes nessa altura já tem estabilidade profissional e económica para passar por isso. Se quiser mesmo ter filhos, pense que poderá ter sempre o mesmo dilema laboral e que talvez não vá ser isso que impede o seu sonho. Se não, seja feliz na mesma! Wink

Retrato de andreisse
Ter, 31/03/2015 - 18:54
andreisse:
Membro desde: 15.07.2013

Olá Sara,

Fiz 26 anos recentemente... Sou católica e estou casada a cerca de um ano. Considero que não me irei arrepender porque todas as decisões que tomei, tomei a pensar ser o melhor para mim. Não vale a pena me arrepender nem decidir nada com medo de me arrepender futuramente. Não digo que a minha decisão seja definitiva pois nada na vida é definitivo nem temos certezas absolutas. Aliás, uma certeza absoluta temos é que morremos um dia. Smile No que toca a isso neste momento e acredito que num futuro próximo, mantendo-se a situação como está, que não tenho qualquer vontade em ser mãe. Se algum dia tiver, logo pensarei mas não vou tomar uma das decisões mais importantes e que mais alterarão a minha vida com o medo de futuramente quiser ter e não conseguir... Pelo menos eu decido pensando no presente e o futuro se se proporcionar, ok, se não é porque já não tinha que ser Smile

Retrato de bettsy
Sáb, 04/04/2015 - 14:53
bettsy:
Membro desde: 22.10.2011

Tenho 30... casada vai fazer 3 anos... vida profissional estável tanto eu como ele... Pretendo ter filhos? Quem sabe um dia... Mas para já o instinto maternal não apareceu.

Acho que é normal, quem queira ter 3 filhos, como haja aqueles que não sentem essa necessidade/vontade Smile Mas comentários todas vamos ouvir, ou porque ainda não casamos, ou porque já deviamos ter filhos, ou porque não temos vida estável para os manter, ou porque já vamos pro quarto filho Tongue (sim essas tb ouvem comentários... )

O melhor é cada um tomar decisões em consciência e assim não nos deixarmos afectar pelos comentários Grin Porque esses existem sempre eheheh